A primeira vez que ouvi falar em metaverso lembrei do Gil. “Uma lata existe para conter algo/Mas quando o poeta diz: lata/Pode estar querendo dizer o incontível/Uma meta existe para ser um alvo/Mas quando o poeta diz: meta/Pode estar querendo dizer o inatingível/ Por isso, não se meta a exigir do poeta/Que determine o conteúdo em sua lata/Na lata do poeta tudo, nada cabe/Pois ao poeta cabe fazer/Com que na lata venha a caber o incabível/Deixe a meta do poeta, não discuta/Deixe a sua meta fora da disputa/Meta dentro e fora, lata absoluta/Deixe-a simplesmente metáfora” Desculpem, mas a genialidade do Gilberto merece a extensa reprodução.
Mas eis que não rs… Zombeterismo à parte, a realidade “artificial” nada tem a ver com os versos do poeta, muito menos com a sua meta! Nos alfarrábios, misturemos nessa lata erudição e pós-modernismo, consta que metaverso é “um espaço coletivo e virtual compartilhado, constituído pela soma de realidade virtual, realidade aumentada e Internet."
Ainda que correndo o risco de chatear meu qualificado público leitor quis trazer aqui o conceito para que não misturemos alhos com bugalhos. Nem Gilberto Gil com Mark Zuckerberg ou Neal Stephenson, o verdadeiro pai do metaverso. Os três "papas” em suas áreas. Se bem que essa “lata” é do Francisco, o portenho do Vaticano, amigo do Lula! Pronto, o sujeito tinha que meter política na crônica! Mas dia 02.10.2022 está chegando…
Enfim, os que me conhecem sabem da minha paixão pelo lirismo e devaneios poéticos do Gilberto e de todos os talentosos companheiros de sua arte. E que curto o moderno, jovem e revolucionário, com qualidade, é claro. Só acho que assim como a arte e a ciência, a tecnologia e seus avanços tem que estar ao alcance de todos.
Além disso, creio que a sua aplicabilidade deve ter razão e também prazer. Pois se o ambiente artificial tem suas vantagens nas relações comerciais e profissionais, não gostaria de delegar a avatares a vivência dos meus prazeres e dores. Como eles a rabiscariam? (autoplágio)
Quem me segue já deve ter lido a frase sublinhada num rabisco de ontem, literalmente. Sim, é assim que eu funciono. Uma frase, uma causa, uma imagem, uma pessoa, um sentimento... uma disenteria do bolsonaro me trazem à cabeça novos versos e prosas. Uma usina de ideias, para o bem ou para o mal. Bom, pensando bem, deletem essa informação é muito desnudante e vira-lata. E este rabisco não é proibido para menores.
E por falar em criança, e sério, acho que enquanto houver uma delas passando fome, assim como um adulto também, fica um tanto descabido, na lata do poeta Gil ou de qualquer um, falar em realidade artificial, iludida ou imaginária, porque o que “enche barriga” é algo bem mais plausível e prosaico.
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