domingo, 25 de setembro de 2022

Metaverso e a realidade real…

A primeira vez que ouvi falar em metaverso lembrei do Gil. “Uma lata existe para conter algo/Mas quando o poeta diz: lata/Pode estar querendo dizer o incontível/Uma meta existe para ser um alvo/Mas quando o poeta diz: meta/Pode estar querendo dizer o inatingível/ Por isso, não se meta a exigir do poeta/Que determine o conteúdo em sua lata/Na lata do poeta tudo, nada cabe/Pois ao poeta cabe fazer/Com que na lata venha a caber o incabível/Deixe a meta do poeta, não discuta/Deixe a sua meta fora da disputa/Meta dentro e fora, lata absoluta/Deixe-a simplesmente metáfora” Desculpem, mas a genialidade do Gilberto merece a extensa reprodução.

Mas eis que não rs… Zombeterismo à parte, a realidade “artificial” nada tem a ver com os versos do poeta, muito menos com a sua meta! Nos alfarrábios, misturemos nessa lata erudição e pós-modernismo, consta que metaverso é “um espaço coletivo e virtual compartilhado, constituído pela soma de realidade virtual, realidade aumentada e Internet."

Ainda que correndo o risco de chatear meu qualificado público leitor quis trazer aqui o conceito para que não misturemos alhos com bugalhos. Nem Gilberto Gil com Mark Zuckerberg ou Neal Stephenson, o verdadeiro pai do metaverso. Os três "papas” em suas áreas. Se bem que essa “lata” é do Francisco, o portenho do Vaticano, amigo do Lula! Pronto, o sujeito tinha que meter política na crônica! Mas dia 02.10.2022 está chegando…

Enfim, os que me conhecem sabem da minha paixão pelo lirismo e devaneios poéticos do Gilberto e de todos os talentosos companheiros de sua arte. E que curto o moderno, jovem e revolucionário, com qualidade, é claro. Só acho que assim como a arte e a ciência, a tecnologia e seus avanços tem que estar ao alcance de todos.

Além disso, creio que a sua aplicabilidade deve ter razão e também prazer. Pois se o ambiente artificial tem suas vantagens nas relações comerciais e profissionais, não gostaria de delegar a avatares a vivência dos meus prazeres e dores. Como eles a rabiscariam? (autoplágio)

Quem me segue já deve ter lido a frase sublinhada num rabisco de ontem, literalmente. Sim, é assim que eu funciono. Uma frase, uma causa, uma imagem, uma pessoa, um sentimento... uma disenteria do bolsonaro me trazem à cabeça novos versos e prosas. Uma usina de ideias, para o bem ou para o mal. Bom, pensando bem, deletem essa informação é muito desnudante e vira-lata. E este rabisco não é proibido para menores.

E por falar em criança, e sério, acho que enquanto houver uma delas passando fome, assim como um adulto também, fica um tanto descabido, na lata do poeta Gil ou de qualquer um, falar em realidade artificial, iludida ou imaginária, porque o que “enche barriga” é algo bem mais plausível e prosaico.

sábado, 24 de setembro de 2022

O mundo home office na vida de um rueiro…

No tempo da D. Eudette dizia-se que a mulher que não era “do lar” e exercia uma atividade profissional “trabalhava fora”. Era o caso da dita cuja. Aliás, isso não era comum para as mulheres da geração dela. Seu consorte, de fato, era um afortunado. Já a recíproca… Mas ela nem imaginava que um dia seria possível “trabalhar fora” sem sair de casa! Infelizmente, seu filho, cronista home office, nem poderá rabiscar isso pra ela.

No batente desde cedo, como office boy, on the street not at home!, hoje tento me adaptar a essa nova circunstância do trabalho. Para mim o ritual do deslocamento, do ambiente externo, do almoço fora, dos colegas de trabalho, meio Silvio Santos né?, sempre foi o modus operandi da vida profissional!

Brigar com chefe a cores e ao vivo, mimar o funcionário olho no olho, zombetear Josés Reinaldos, Eduardos e Mônicas da vida, negociar no tête-à-tête, "bater na mesa" em reuniões com advogados, empresários e seus asseclas, bater papo com a mesa do lado no escritório, viagens a serviço por conta do patrão, tomar uns 10 cafezinhos da Dona Cida, tudo isso é sem igual apesar do trânsito e do custo financeiro.

Afinal um moleque de rua, que ainda moleque foi pro batente, adaptou-se melhor ao trabalho “fora”. A vida doméstica desde sempre me foi um terreno hostil. E cadê o happy hour? Aliás, peço desculpas aos fiéis leitores pelo anglicismo à la Santa Cecilia. Mas isso faz parte of the home office world.

Sendo assim, tão pouco familiar a vida caseira, ainda cogito um escritório para fazer lá o mesmo que faço em casa. Loucura? Sei lá. Entre outras coisas, só eu e o Abel Ferreira sabemos a vizinha que temos…
 
É verdade que o mundo digital parece cair como uma luva para o mercado financeiro, com seus sites, bolsas, ações, paralisações, pregões, índices, planilhas, projeções, calls, conexões, conferências e reuniões de negócios virtuais. Atas e desatas. 

Nem vou falar aqui em metaverso para não dar nó na cabeça de ninguém. Pois se o ambiente artificial tem suas vantagens nas relações comerciais e profissionais, eu, particularmente, não gostaria de delegar a avatares a vivência dos meus prazeres e dores. Como eles a rabiscariam?

Enfim, quanto ao home office, ainda que sopesadas as vantagens econômicas, viárias e ambientais, entre outras, confesso, mano do céu, que para um ex moleque de rua, inveterado rueiro, ainda soa meio estranho “trabalhar fora de dentro de casa”.

sábado, 3 de setembro de 2022

O fígado, o genocida e sua fraude eleitoral

Alguns seguidores, talvez meio perdidos, têm me perguntado sobre as crônicas políticas. A minha querida e amada galera da esquerda gosta da pegada pesada, sem perder a ternura, é claro! Então, companheiras e companheiros... não é por falta de gosto, mas talvez desgosto.

A minha atração pela política continua a mesma, acompanho pari passu. Mas, convenhamos, a toxicidade do tema muitas vezes ataca o fígado. E haja bílis. Ainda mais com o câncer metastático que hoje ocupa a presidência verde-amarela. Se não bastasse todas as divergências políticas, econômicas, ideológicas, filosóficas, intelectuais, culturais, etc etc, ainda tenho um ranço pessoal do sujeito. O cabra tentou me matar.

Dramático? Será? Sei lá.... Já rabisquei, em versos e prosa, a experiência de 17 dias na UTI, entubado, dos 35 que fiquei internado. Hoje, depois de ano e meio, vez ou outra, ainda sonho ou “pesadeleio” com o pelotão de branco do Nove de Julho, nosocômio paulistano. Peguei uma covid devastadora sem dose nem piedade. Numa época que, apesar de já ter no mundo, não havia vacina no Brasil! Eu não tinha sido copiado dos e-mails da Pfizer.

Mas eu tive sorte! Graças a Deus, pude “entregar” 12 kg de músculos para me safar desta. Sai do hospital uma geleia. Não parava em pé, que dirá andar. Ainda bem que, ao contrário de muitos brasilenhos, os músculos têm memória. Enfim sobrevivi, porém, infelizmente, mais de 680 mil brasileiros não tiveram a mesma sorte. Mas essa conta o genocida vai pagar na Justiça. Nem que seja a divina!

A conta dos pobres é que não fecha. E é por causa deles que resolvi, hoje, voltar a rabiscar sobre política, história e economia. Pois nunca deixei de gostar desses temas e não tenho amnésia. Afinal, ninguém passa por um curso de economia, pós em finanças e 39 anos no mercado financeiro sem aprender nada dessa bagaça.

No começo de 2020, em função da pandemia, tivemos o isolamento social, que salvou muita gente apesar de, recordar é viver!, o “presida” ter sido contra e combatido de todas as formas a medida. Escrevi, à época, nesses rabiscos da vida, que era imprescindível a injeção de recursos, pelo governo, para salvar a economia. Ainda que fosse com a emissão de moeda, conforme defendiam os “lunáticos” economistas da escola desenvolvimentista, ou seria economistas poéticos amantes da Lua?

Mas o capitão e seu ajudante de ordens, o anão do Mercado, foram contra. Aliás, sempre criticaram o bolsa família e outras "esmolas oficiais para vagabundos", como o mercado, seu capataz ministerial e o bobo da corte chamavam os programas petistas de distribuição de renda. Os tais vermelhos comunas!! Apenas, e tão somente, por pressão da oposição foi aprovado o auxílio emergencial, inclusive num valor maior do que o governo, encurralado e contrariado, aceitava dar. Isso são fatos recentes não é fábula. É História! A do “Capitão, os pastores e suas ovelhas”

Aí depois de 3 anos e 10 meses matando o povo de fome, de covid e de ódio, o capetão, ops capitão, percebeu, há dois meses da eleição, que existe pobreza no Brasil. Mais uma sórdida tentativa de manipulação, haja vista as condições e validade do chamado Auxílio Brasil. Torço, de coração, que a população mais carente aproveite bem o dinheiro e saiba em quem votar. De repente, em alguém que tem como premissa uma política permanente de inclusão social e distribuição de renda. Do tipo daquela que tirou da miséria 40 milhões de brasileiros, os quais o capitão solenemente devolveu a ela! Eu avisei do fígado…