domingo, 18 de agosto de 2024

Dante Alighieri, escritor, poeta e político italiano…

Esta crônica é baseada em fatos reais, apenas os nomes são fictícios. A história me foi contada, recentemente, pela filha remanescente de um dos imigrantes italianos personagens deste rabisco. A ideia original é escrever um romance, mas até que essa nova aventura literária esteja concretizada e para registro dos acontecimentos lá vamos nós com o cronista de tarantelas.

Na Itália o fascismo foi um período em que o país foi governado por um partido político conservador, radical e de extrema-direita, de 1922 a 1943. Liderado por Benito Mussolini, o fascismo se aproveitou do cenário de incerteza em que vivia a Itália no pós-Primeira Guerra Mundial.

Fugindo do fascimo, da miséria e do desemprego, dois jovens irmãos italianos desembarcaram no Porto de Santos lá pelos idos de 1930. Dentro das velhas malas traziam poucas roupas e muitos sonhos. O mais velho, Romeo Montanari, com 25 anos, trouxe a tiracolo o inseparável irmão caçula, Tibério Montanari, de 22 anos.

Conta minha entrevistada que os irmãos foram morar no bairro da Penha, em São Paulo. Compravam flores no mercado e as vendiam na rua. Românticos ítalos! E foi lá que o jovem Tibério veio a conhecer a sua futura esposa, a ainda adolescente Genara. Tibério e Genara viriam a ser os pais de dona Nera, a minha fonte deste rabisco. Aliás, diga-se de passagem, na fonte da dona Nera só jorra Coca-Cola. Quem sabe eu descolo um merchant…

Logo os dois irmãos já estavam casados e enfilhados. Romeo teve o Romeozinho e Tibério sua primeira das três filhas. Aliás, dona Nera conta, com certa mágoa, que seu pai sempre sonhou com um herdeiro homem. E ela, a mais nova das três filhas, foi criada “como um moleque”. O que, segundo ela, justifica o jeito truculento que a dona Nera diz ter. Será?

Relata dona Nera, que certa vez esse seu estilo “casca-grossa” só não a fez explodir porque não ouviu o médico da Prevent Senior, outro possível merchant?, chamá-la de “botijãozinho”. Só por estar, com seu metro e meio de altura, ligeiramente acima do peso aos 80 e poucos anos de idade!

Mas voltando aos irmãos Montanari, uma proposta de emprego veio a mudar a vida deles e dos seus herdeiros. O caçula, Tibério, soube de uma vaga de zelador do campo de bocha do clube “Dante Alighieri” na cidade de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Perfeito! Porque sua esposa, a jovem Genara, iria trabalhar na cozinha do clube. Assim, para lá foram Tibério, já com a filha, irmã mais velha da dona Nera, e Romeo, já com Romeozinho e Enzo. Os bambinos do irmão, mesmo eu sem entender bem o porquê dessa preferência por filhos homens, imagino, pelo o que me foi relatado, que deveria angustiar o jovem Tibério.

Tibério cuidando da quadra de bocha do Dante Alighieri e Romeo agora vendendo flores nas ruas de Ribeirão Preto. Vida nova segue! Até que um bilhete de loteria premiado comprado por Romeo muda suas vidas. O sortudo compra, com o "prêmio", um terreno e monta um abatedouro que  depois se transforma no Frigorífico Montanari. Segundo dona Nera, viria a ser um dos maiores frigoríficos da região.

Romeo colocou Tibério como sócio. Tempos abonados vieram pela frente. Tibério teve mais duas filhas, inclusive a caçula, dona Nera. Já Romeo teve além de Romeozinho, Enzo, Roberto e Brazilina. Infâncias abastadas ao sabor do Frigorífico Montanari. Romeo, que assim como o irmão tinha pouca escolaridade, fez gosto que Romeozinho, o herdeiro mais velho, tivesse acesso aos melhores colégios e a melhor formação. Advogado, contador, orador com direito a doutorado. E nome de rua em Ribeirão Preto!

Só que Romeozinho, segundo dona Nera, além de “estudado” e muito inteligente era como ela disse “incorrigível italianinho rabo de saia”. Aí vieram os alfas romeos, a esposa em Ribeirão Preto, as companhias paulistanas... 400 quilômetros para cá, 400 quilômetros para lá… O bem “preparado” herdeiro delegou demais e um contador deu um grande desfalque nas contas do Frigorífico Montanari. Pronto, segundo a irmã do meio da Dona Nera, acabou a infância de Cinderela!

Romeo e os filhos ainda ficaram em Ribeirão Preto brigando na Justiça na vã tentativa de reaver o dinheiro. Já Tibério voltou para a Capital com a mulher e as três filhas. Sem dinheiro e sem estudo e profissão  foi trabalhar de operário nas fábricas que empregavam imigrantes. Tempos bicudos pela frente.

Conta Dona Nera, que Tibério morreu relativamente jovem. Conseguiu, com luta e esforço, algum progresso e criou suas três filhas.  Ele, ainda, conviveu com o primeiro neto, uma neta!! E faleceu logo após o nascimento do segundo neto, sim agora um bambino. O coração do italiano não deve ter aguentado conhecer o neto! Mas quem sabe num desses wi-fis celestiais ele leia um rabisco que conta que seu bisneto, com diploma da USP debaixo do braço, virou professor do colégio Dante Alighieri, em Sampa.  Arrivederci!


sábado, 10 de agosto de 2024

As “minas” olímpicas!

Estão praticamente terminadas as competições olímpicas de Paris 2024. Encerram-se amanhã dia 11.08.2024. Mas já percebo uma certa volúpia de simpatizantes de bolsonaro, talvez o maior especialista em ouro neste País, em criticar a participação brasileira nos jogos. Obviamente o objetivo é tentar imputar ao governo de turno o que eles chamam de “fracasso olímpico”. Né, Mion?

Longe deste rabisqueiro condenar quem politiza todos os assuntos. Até porque acho que, como alguém já disse, “respirar é um ato político”. Só que para politizar qualquer tema o mínimo que se espera é informação e inteligência. Não dá para confundir uma festa pagã ligada aos deuses do Olimpo à Santa Ceia. Muito menos chamar de transsexual uma mulher que biológicamente nasceu mulher só porque a mesma não atende aos requisitos de “bela, recatada e do lar”.

Mas, enfim, intelecto e informação verdadeira não combinam muito bem com os seguidores do nosso “homem do ouro”. Sendo assim, voltemos às disputas esportivas de Paris. Com a licença poética dos meus amigos leitores, lá vem o cronista olímpico de boteco!

O número de 20 medalhas ganhas pelo Brasil em Paris não fica tão longe do nosso recorde histórico, que é de 21 medalhas, conquistadas em Tóquio. E muito provavelmente o resultado teria sido melhor se o mito do “Vivendas da Barra” não tivesse cortado o “bolsa atleta”, acabado com o Ministério do Esporte e outras medidas do gênero. O único esporte incentivado pelo governo anterior foi o tiro ao pobre!

Mas o que chama mais a atenção é que dessas 20 medalhas, 12 foram ganhas por mulheres e 1 por uma equipe mista do judô. Logo as meninas, tão maltratadas no governo do “homem” que diz ter tido uma filha numa “fraquejada”. Especialista em ofender mulheres, sejam elas jornalistas, políticas, esportistas, bonitas ou feias, essas então segundo o capitão “não merecem nem serem estupradas”. Bom, Freud explica…

E dos grandes favoritos, as equipes masculinas de futebol e de vôlei e o boy do surf negaram ouro e fogo! De Neymares a Bernardinhos, passando por Medinas, todos bolsonaristas de carteirinha! Sim, todos podem e devem politizar tudo, mas estudem para isso, para aí sim sabermos quem de fato fracassou!

Parabéns pras minas!

sexta-feira, 2 de agosto de 2024

Exercício, disciplina e Saúde

Vida saudável não é fácil, é uma ginástica! E olhem que, para mim, a parte da ginástica propriamente dita é a mais fácil. Treinar cinco, seis ou até sete dias por semana é tranquilo para um viciado em serotonina, endorfina e noradrenalina. Até porque faço atividade física para a cabeça.

Mas disciplinar sono e alimentação são tarefas bem complicadas para um desregrado cronista de botequim. Tenho algumas amigas nutricionistas que tentam, valentemente, me ajudarem nessa tarefa. Os wheys, creatinas e multivitamínicos da vida até que encaro numa boa. Mas algumas amarras da alimentação saudável “engessam” até a alma um inquieto arremedo de poeta.

E o sono? A insônia me acompanha há tantos anos a fio que eu não sei bem o que é esse troço que chamam de sono restaurador. Ah vá… se eu conseguir dormir algumas horas já estou no lucro. Afinal tem hora mais apropriada para se rabiscar do que numa madrugada de insônia? De preferência comendo uma boa pipoca! Sem manteiga, para não engordurar o teclado!

E as dicas dos especialistas? Desligar-se das redes sociais às 21:35h, chá de erva-cidreira morno ao deitar, óleo de lavanda no travesseiro, ouvir, de olhos fechados, o mantra “coração quente, cabeça fria” do guru ultra zen Abel Ferreira, repetir 11 vezes no espelho “eu estou com sono”, batendo no peito suavemente, contar carneirinhos bolsonaristas. Poxa aí que não durmo mesmo, esses nunca acabam!

Dia desses passo aqui num boteco, de esquina, da descolada Santa, a Cecília. Quarta-feira, dia de feijuca! E leio feijoada, pequena, média e light. Aí lembro dum amigo do BB, o filósofo Marco Antônio, que dizia que se é para comer uma boa feijoada (enfiar o pé na jaca) o “crime tem que compensar”. Poxa, meus caros e regrados leitores, pururuca vegetariana, nem vocês, nem eu, nem o Marco Antônio, nem a torcida do Palmeiras merecemos!