domingo, 22 de janeiro de 2023

O golpe econômico-político...

Tenho ouvido que deveria criar um podcast para falar de política, economia, história e literatura. Olha só que chique, podcast! Mas que história é essa? Sou mero rabisqueiro metido a poeta com tesão por trovas, lirismo e musas. E também arremedo de cronista do cotidiano, com fetiche por história e ciências econômicas, sociais, filosóficas e políticas, neste caso o fetiche vem com perversão comunista…

Sim, cursei economia e trabalhei a vida toda no mercado financeiro. E ainda não me afastei dele. Comecei a trabalhar nele por sobrevivência e não larguei mais. Também fiz letras mas para uso próprio não tenho a pretensão de ser professor. Até porque mestre em português de verdade é um tal torcedor do Juventus, da Móoca, com quem eu tive a felicidade de ter aula. O então desconhecido Pasquale Cipro Neto.

A minha profissão foi escolhida pela necessidade. Entrei no Banco do Brasil antes do que em qualquer faculdade. A Fundação, ou afundação,  Gallucci precisava de um mantenedor. Cursar economia foi uma opção a partir do BB. Mas acabou sendo bom. Já para as letras fui porque me falaram, nas entrelinhas, que era o curso que tinha mais mulheres. Brincadeira, viram! Eu gosto de literatura! 

E foi um assunto econômico desta semana, que também deveria ser jurídico e policial, o motivo da sugestão do podcast. Ao explicá-lo recebi, de novo, a tal dica. Como não intenciono, no momento, ressalva geminiana, criar o tal de podcast, que poderia ser o poeta comunista, o economista lunático ou o filósofo de Cuba vou tratar do assunto aqui mesmo. Até em caráter de desabafo! Sendo assim, lá vem o hoje cronista econômico de botequim.

Nos bancos escolares me apresentaram economia como a ciência que administra recursos escassos para o bem comum. Só que na visão econômica de alguns, essa ciência é para “experts” que tem escrúpulos escassos o suficiente para administrarem os bens comuns de suas bilionárias fortunas. O “mercado” e a escola neoliberal parecem não se abalarem com essa prática do modo como se “descabelam” quando se fala em extrapolar o teto de gastos do governo para matar a fome do povo. E o mercado tem cabelo? Sei lá... se não tem cabelo, tem peruca e maquiagem!

Que serve para “maquiar” balanços contábeis de grandes corporações, que têm ações em bolsa de valores, “criando” lucros artificiais, onde há prejuízo, para justificar a distribuição de bônus, juros sobre capital próprio (remuneração do capital do próprio sócio) e gordos pró-labores aos seus maiores acionistas.

O mais triste é que ao ser descoberta a fraude a situação não se resolve e até piora, pois o valor das ações da tal megaempresa derrete.  Aí os pequenos acionistas veem seu modesto patrimônio virar pó. E o efeito dominó na economia e no mercado financeiro não para. A outra peça derrubada é o pequeno aplicador que, de perfil conservador pois é avesso a correr riscos, tem seu dinheirinho em fundos conservadores. Aqueles que têm em sua carteira de investimentos ações como as da mega e “sólida” empresa, aquela que dá lucro só no papel. Ah e no bolso de 2 ou 3 celebridades da Forbes, a “playboy” do neoliberalismo!

O dominó acabou? Infelizmente não. Além dos pequenos acionistas e micro aplicadores do mercado financeiro tem mais gente afetada. Para a megaempresa, que na verdade dá prejuízo, manter suas atividades operacionais ela precisa de recursos certo? Sim, e aí entraram os empréstimos bancários. Um terço da dívida da Americanas, ops da megaempresa, é CEF, BNDES, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste e FINEP. Bom, concordata ou recuperação judicial deferida o mico cai no colo dos bancos públicos e da estatal de fomento de projetos com dinheiro público (FINEP) . Sim meu paciente leitor e cidadão brasileiro o prejuízo chegou em nós!

Política? Ah golpe militar não saiu porém o econômico sim! Mas como política e economia andam de braços dados, para o bem ou para o mal, ao “apagar das luzes”, precisamente dia 21.12.2022, o governo do genocida, aquele que compra vibrador no cartão corporativo, concedeu, via Caixa Econômica Federal, empréstimo de R$ 450 milhões à Americanas, do Brasil! Da Pátria, Deus e família, deles!

O filho da mãe!

O Palmeiras deu férias para minha televisão. Desde o hendeca ando meio afastado da telinha. Acompanhei a Copa do Mundo de soslaio. Apesar de que tive um ímpeto nacionalista, calma não cheguei a vestir a canarinho, quando o Pombo deu as caras. Até porque ele era um verdadeiro oásis de cidadania naquele time. Mas acho que cortaram as asas dele. Afinal ele vinha se destacando mais que as grandes e legítimas "lideranças" do time. O sonegador e o tocador de pandeiro, que nas horas vagas estupra jovem espanhola em banheiro público.

É verdade que a Argentina de Messi e sua torcida empolgaram e protagonizaram contra a França de Mbappé a melhor final de Copa do Mundo que já assisti. As alternativas, chances e reviravoltas no placar de fato tornaram o jogo em confronto histórico. O título acabou premiando toda a carreira de Lionel Messi, que comemorou sob as bênçãos de Dio Dieguito. O argentino petista e fã do Lula. Lá vem… mano do Céu o assunto é Palmeiras, televisão, Copa do Mundo ou política??

Nenhum deles. O tema é Paulo Gustavo Amaral Monteiro de Barros! Se bem que por falar, de passagem, em TV, política e Argentina assisti “Argentina 1985” com o Darin, o papa do cinema portenho. O filme é espetacular. Meu sonho de consumo para o Brasil 2018-2022. Quem sabe? Uma ponte aérea Orlando-Bangu. Parei... por ora!!

Mas enfim, e mais importante, dia desses vi o documentário “Filho da mãe” que narra a trajetória do ator, diretor e roteirista Paulo Gustavo. A Dona Hermínia! Verdade, o Paulo é um filho da mãe! Com o talento da mãe, do pai, do filho e do Espírito Santo. Amém! Chorei de rir e chorei de chorar! Sim, algumas pessoas têm o talento de fazer isso com a gente!

Há uma matéria no curso de Letras chamada Linguística. Acho que cabe a definição aqui né? Pois nem todo mundo é louco a ponto de gostar de Letras! Aí vai… “linguística é a ciência que tem por objeto a linguagem humana em seus aspectos fonético, morfológico, sintático, semântico, social e psicológico”. Aprendi com um professor que na linguística o que conta é a perfeita comunicação entre o emissor e o receptor da mensagem, independente da forma como ela se processe.

O Paulo estabeleceu essa tal perfeita comunicação conosco, seus receptores de carteirinha. A sua “literatura” foi ao mesmo tempo simples e brilhante. Ele não foi militante mas assumiu, a partir da sua própria vida, corajosas posições políticas. Não foi filósofo nem sociólogo, mas a partir de um tema comum e cotidiano, a relação entre mãe e filho, fez uma profunda reflexão sobre as relações humanas. Com humor, inteligência e sensibilidade.

Além desses adjetivos, o documentário mostrou ainda um homem preocupado com as pessoas, solidário, carismático e generoso. O seu ar zombeteiro, também fora do palco, realmente era arrebatador. Pessoalmente me senti emocionado com algumas coincidências. Ele foi internado no mesmo dia que eu e tive alta dez dias antes da morte dele. Até recordei que quando eu regressava a este planeta, que mesmo eu grogue não me pareceu plano, pude acompanhar o final de sua luta pela vida.

Uma luta infeliz e injustamente perdida. Mas isso não invalida a sua batalha nem o legado que ele deixou. Fica a certeza que além do seu talento, brilho e generosidade, sua morte, como a de outras 700 mil pessoas vítimas da covid, não podem ficar impunes. Assim como a de índios, crianças e adultos, mortos de fome pela irresponsabilidade e perversidade do fujão, hóspede do ex-lutador e atual anfitrião de genocida, José Aldo da Silva. Anota aí Xandão!