sábado, 4 de maio de 2019

BRUXOS CARISMÁTICOS

Aos 13 anos comecei a trabalhar. Moleque de rua lamentei ter que largar a bola pelo batente. Mas além da bola, das pipas e do carrinho de rolemã um assunto meio esquisito já passava a interessar o pivete, a politica.

Já na labuta esse interesse foi aumentando. Afinal há gosto e louco para tudo. Lia os cadernos de politica e economia dos jornais. Claudio Abramo, Mino Carta, Zuenir Ventura, Carlos Heitor Cony, Clovis Rossi, Nirlando Beirão, Florestan Fernandes (o pai) e suas crônicas politicas deliciavam aquele estranho fetiche.

Mas o gosto parecia encontrar razão de ser e existir quando, ainda um menino, observava um sujeito arretado e com cara de bravo, que se posicionava, discursava e inflamava uma plateia de metalúrgicos enfeitiçados, também como meninos, pelo pernambucano autodidata, vocacionado para causas sociais.

Essa minha paixão foi crescendo tanto que, aos 18 anos, quando prestei concurso para o BB, esse mesmo que o bozo, com sua "inteligência" e seus conceitos da era mesozoica, se intromete até em campanha publicitária, entrei pela porta do banco ao mesmo tempo que pela porta do sindicato dos bancários de São Paulo.

E aí vieram os comícios, passeatas, assembleias, paralisações, piquetes, greves, manifestações, protestos, atos publicos. É claro que "paguei alguns preços" no banco por isso mas nada que me impedisse de chegar até aqui.

E hoje a imagem de Mandela, no meio da corrida me fez lembrar, de novo, daquele meu pai adotivo, o sujeito barbudo e com cara de bravo. Agora de cabelos brancos e marcas no rosto, mais sábio e sereno mas não menos eloquente, sagaz e inteligente.

Sim, o bruxo está dentro da sua cela, ou sala, cozinhando a direita, desde os neoliberais até os neoidiotas, no seu caldeirão, em fogo brando, com pimenta e cachaça da boa. Afinal para o desespero da direita o bruxo vai viver 120 anos!

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