Outro dia degustei uma deliciosa truta na brasa às margens do Paraíba do Sul, em Guararema. Para quem não é de Sampa, cabe esclarecer que Guararema é uma charmosa cidadezinha dista 70 quilômetros da Capital. Joiazinha da próspera região do Vale do Paraíba, muito bem cuidada, exemplarmente limpa e florida. O restaurante, ao ar livre, é de extremo bom gosto, com um agradável deck à beira rio. Pronto... o guia gastronômico encerra-se por aqui!!
Na mesa ao lado da minha estava um bem jovem e bonito casal, devidamente aliançado, que despertou a atenção e o senso de observação deste cronista de botequim, ou melhor de restaurante!! Ambos chegaram e de imediato sacaram seus smartphones iniciando assim, cada um deles, uma navegação, solitária e conjunta, pelo mundo digital. Os olhos verdes da moça nunca cruzavam, nem de relance, com os olhos sei lá de que cor do rapaz. Conversa? O silêncio era sepulcral.
Durante o encontro, não casual, do casal, naquele local, a viagem de ambos pelo mundo virtual só foi interrompida duas vezes, sempre pelo intrometido garçom, na primeira para que os pombinhos high tech’s fizessem o pedido do prato e na segunda para que pudessem pagá-lo. Fico pensando se não seria uma imperdoável falha da casa o fato de o garçom não portar também o seu smartphone.
Compartilhei com a minha amiga, e companheira de truta, essa minha observação. E entre um assunto e outro que conversamos durante a nossa refeição, que coisa antiquada né!?, filosofamos um pouco sobre a influência da banana na vida sexual dos macacos e a do smartphone na dos humanos. É óbvio que no transcorrer de nosso almoço, entre todos os temas discorridos, eu e ela, mais eu do que ela, recebemos torpedos em nossos smarts. Mas nada que impedisse que eu a perguntasse como vai a vida e ela, pasmem, pudesse responder. E, pasmem ainda mais, vice-versa!!
Outra característica do lugar, não original mas sempre bem interessante, eram as duas opções de serviço para o tradicional cafezinho. O nosso produto de exportação poderia ser consumido à mesa de refeição ou em outra área do restaurante em mesinhas especialmente instaladas para esse fim. Eu e minha companheira de almoço resolvemos “explorar” esse segundo ambiente.
Lá, na cafelândia, dei de cara com o casal "smartphonico" e, ainda que de soslaio e furtivamente, fui fitado pelos lindos olhos verdes da moça, tempo suficiente para que eu fosse embora divagando sobre o porquê eles, tão verdes e vivos, merecem menos atenção do que a tela touch screen do bibelô cibernético que carrego no bolso.
É meu caro Amigo!
ResponderExcluirJá não se tem mais tempo para olhar;
a tecnologia tomou conta,
até dos verdes belos olhos;
de se olhar...
O encantamento de se estar,
bem acompanhado admirado;
a jogar conversa fiada...
Num belo lugar!
Beijos Adilson.
Infelizmente vivemos uma época que tudo é virtual..A mulher se tornou fabricada, siliconada..Nada real..O homem virou comercial de cueca . E por ai vai..Mas ! ..Mas! Cada vez mais carências e frustrações ..E a palavrinha mágica da emoção da entrega virou A procura que todos estão a desejar! Sinceridade? Torço para que os smartphone. explodam! Bjs
ResponderExcluirVejo que os aparatos tecnológicos são todos emblematicamente uma coisa só:
ResponderExcluir...um "LIMÂO"...
Meus avós me diziam, dai-me um limão e farei uma limonada...
e é isso que está sendo feito... a era nos dá o limão e nós fazemos a limonada que queremos...
No mundo acadêmico milhares de estudantes realizam quase todos os seus trabalhos, projetos e TCCs...
ONGS se direcionam e divulgam suas atividades mais ou menos engajadas...
O jornalismo nos informa bem ou mal em suas reportagens...
Redes sociais se ocupam bem ou mal de suas mensagens, curtidas, compartilhadas...
Grupos se articulam em prol ou contra algo ou alguém...
Casais sem esperanças de conteúdo se beijam as margens do Paraíba do sul via Bluetooth...
No cenário bucólico calou-se o Uai...
Agora é Wi... fi...
A limonada é amarga...
Oi Adilson, achei esta crônica genial e muito atual. Realmente, nossos jovens esquecem os outros prazeres da vida e ficam de olhos mergulhados nesses brinquedinhos tecnológicos. Não sabem fazer mais nada a não ser ficar teclando o dia todo. As vezes fico pensando o que eles fariam na vida se esses aparelhinhos não existissem. Boa pergunta!
ResponderExcluirEsse assunto sempre merece destaque, nao há relacionamento que resista. Ótima crônica, como sempre muito bom. Grande abraço.
ResponderExcluirAdorei!!
ResponderExcluirNÃO PRECISAMOS IR TÃO LONGE PARA NOS REMETER A ALGUM TEMPO ATRAS E ME LEMBRAR AGORA QUE JA PRESENCIEI CENA PARECIDA. SÓ QUE NA CENA QUE ME REFIRO, AINDA NÃO EXISTIAM SMARTS FONES. TEM GENTE QUE NÃO TEM O QUE DIZER MESMO, EM QUALQUER ÉPOCA. COM OU SEM TECNOLOGIA. AH, FOI UMA PITZA QUE O MEU CASAL DEGUSTAVA.
ResponderExcluirJá não se fazem mais amores como antigamente, será que entre os lençóis guardas seus aparelhinhos, espero que sim, ou a taxa de nascimentos vai cair muito, rs
ResponderExcluirA cibernética domina até os romances!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
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