Já disse o poeta que qualquer forma de amor vale a pena!
Mas quantos enredos e roteiros dão vida a esse tema?
Desde os arrebatadores que arrancam d’alma o poema
até aquela afeição fraterna que nela repousa serena...
Que seja, também como disse o poeta, infinito enquanto dure,
mas que também se transforme e reviva para que perdure
que assim contrarie convenções, regras e definições de um teorema
para se concretizar no intuitivo e improvável, como num filme de cinema!
Que tenha sentido e razão mas também poesia e tesão
que tenha cérebro, fígado e pulmão mas que não lhe falte coração
que seja solidário, amigo e seguro mas que não escravize nem traga dor
que acabe quando assim não o for para que seja eterno enquanto amor.
LA VITA SCRITTA IN VERSI E IN PROSA! Blog criado em abril de 2012.
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
domingo, 28 de outubro de 2012
ETIQUETA EMPRESARIAL
Dizem os especialistas que numa seleção de emprego caso haja empate entre dois profissionais com qualificação técnica equivalente o quesito comportamento e apresentação define o escolhido. Por isso, meus caros leitores, não subestimem a importância da chamada etiqueta empresarial.
A minha equipe de trabalho cultiva o saudável hábito, em termos de relacionamento não de saúde, de alternar a compra de bolachas, chocolates, bolos e outras guloseimas para degustação do grupo. Recentemente, essa doce rotina nos remeteu a uma importante reflexão acerca de como as diferença entre os gêneros e as relações domésticas podem influenciar a vida no trabalho.
Sistematicamente são deixados nas muradas que separam as estações de trabalho os pacotes e/ou embalagens dos produtos adquiridos para consumo público. Dia desses, a Sra. XYZ, jovem mãe, dona de casa, esposa, especialista em etiqueta empresarial e também, nas horas vagas, assessora sênior no Banco do Brasil, observou que alguns membros da equipe tinham o estranho hábito de comer a última unidade do produto socializado sem descartar no lixo a respectiva embalagem.
Ainda de acordo com aquela competente profissional esse gesto seria uma característica eminentemente masculina, uma vez que esses desorganizados seres, segundo sua opinião, estariam mal (ou bem?) acostumados por mães ou esposas ou concubinas ou outras companheiras de qualquer categoria do sexo feminino.
A questão provocou uma cisão no grupo, uns concordaram, outros não e outros se abstiveram de opinar. Eu discordei veementemente dessa assertiva. Circunstancialmente, hoje não reparto meu espaço doméstico com nenhuma mulher. E mesmo morando sozinho, asseguro-lhes que minha simpática quitinete não é nenhum depósito de embalagens vazias!
Outro membro da equipe, o Sr. ZYX, discorreu sobre uma curiosa teoria. Segundo ele, quem compra e oferece o produto à degustação pública tem o direito, não sei se constitucional ou não, de não jogar a embalagem no lixo. Fiquei pensado se isso não seria uma espécie de abuso econômico ou qualquer coisa do gênero. Mas achei melhor não alimentar mais polêmicas alimentares.
Outro dia um fato curioso me fez lembrar do assunto. Todas as terças-feiras a minha assessora especial para assuntos ligados à limpeza doméstica exerce suas atividades profissionais em meu apartamento. Lá ela tem livre e incentivado acesso a toda e qualquer substância alimentar que encontrar. Bem, na última terça-feira, ao chegar em casa deparei com o saco plástico vazio das maças da Mônica (do Adilson) repousando placidamente em minha fruteira. Preocupado com a formação profissional da minha eficiente assessora pensei em encaminhá-la para um curso de etiqueta profissional com minha colega, Sra. XYZ. RSS
sábado, 29 de setembro de 2012
LASANHA ÁRABE
Dia desses lembrei-me de Marco Polo, o navegador. Mesmo tendo percorrido caminhos distintos do veneziano, no final das contas, fiz uma descoberta parecida com a dele. É certo que o italiano desbravou mares inóspitos e desconhecidos em sua aventura rumo ao Oriente.
Mas eu percorri a Radial Leste e “subi” a Rua da Mooca, de cabo a rabo, por volta das vinte horas, de uma quinta-feira paulistana! Mares conhecidos, porém bravios, meus caros e pacientes leitores não residentes em Sampa. Portanto, vamos e venhamos, nada fácil! Até a Rua dos Trilhos, ainda que sem os ditos-cujos, surgiu no meu precariamente asfaltado caminho.
Enquanto o “nobre italiano” singrava com sua impoluta embarcação rumo ao Oriente, eu, “italiano do Brás”, naufragava nos faróis vermelhos de todas as vinte e cinco travessas da boa e velha Rua da Mooca. Viajava este aventureiro embarcado num legítimo exemplar da Fabrica Italiana de Automóveis de Turim. Tutti buona gente!
Eu talvez soubesse menos do que ele o que me esperava. Ele estava em busca da seda. Eu de seda, parecia mais o próprio bicho fora do casulo. Porém, o destino também me reservaria algumas deliciosas surpresas. Macarrão, à vista!!! E, assim, ambos rumávamos para o leste. Marco, se me permitem a intimidade de “conterrâneo”, para o leste do planeta, já eu ia para a zona leste de São Paulo, mesmo.
Não pretendo entrar na discussão da origem do “nosso” macarrão, que chineses, árabes, italianos, cantineiros do “Bexiga” e a chefe de cozinha da Mancha Verde reinvindicam. Se bem que ao que parece já foram encontrados, na região da Rua 25 de março, pacotes de macarrão da idade média, com validade de 650 anos, da marca “MacJac”, made in China.
Mas torre de Babel à parte, a mim interessa apenas falar sobre a melhor lasanha árabe que degustei em minha vida. A versão islâmica dessa iguaria, a qual minha avó já me apresentará em seu tradicional modelo com presunto, queijo e molho à bolonhesa 4X4. Assim como Marco, também descobri que além da boa pele de seda, o Oriente também nós reserva agradáveis segredos culinários.
sábado, 22 de setembro de 2012
ENTRE GREVES, ELEIÇÕES E REBAIXAMENTOS
Primeiro
Ato - Anos 70
O
meu tio Antônio e sua velha Kombi me apresentaram àquela que viria a ser uma
das primeiras paixões da minha vida. Com menos de 10 anos, empoleirado no banco traseiro da simpática “perua”, a Kombi,
eu era levado, junto com mais uns dez
amigos do meu tio, ao santuário do Palestra Itália.
Lá
fui convertido a uma religião chamada futebol. Os fiéis assistiam à “cerimônia”
entoando hinos, gritando, xingando e dançando como crianças. No gramado, em que
a luta os aguardava: Leão, Eurico, Luiz Pereira, Alfredo, Dudu, Ademir da Guia,
Leivinha, César “Maluco” e Ney. Era um tal de Palmeiras!!!
Eu
deslumbrado tentava repetir na “pelada” de rua as jogadas que assistia no
campo. Porém, como peguei no batente logo cedo, tive que trocar a bola pela
sola, do meu sapato. Virei “office-boy”. Meus jovens leitores, “office-boy”
era uma espécie de “moto-boy” sem a moto. De busão, mesmo!
Segundo
Ato - Anos 80
Com
o perdão da má palavra, sempre fui um sujeito politizado. Idealista e
romântico, ainda jovem me interessei por política e sociologia. Aquilo me
fascinava, um “Quixote” entre textos e idéias revolucionárias. Tem louco e
gosto pra tudo!!
Lia
os cadernos de política e economia dos jornais e revistas. O País “tentava”
sair da ditadura militar e o material era farto. O engajamento político e
social produzia obras-primas na música e nas artes em geral, ainda está por aí
um tal de Francisco Buarque de Holanda que não me deixa mentir.
Cláudio
Abramo, Mino Carta, Zuenir Ventura, Carlos Heitor Cony, Clovis Rossi, Nirlando
Beirão e suas crônicas políticas deleitavam este então jovem leitor. E aí
vieram os comícios, passeatas, assembléias, greves, manifestações, protestos, atos
públicos. E também alguns privados! Afinal, havia interessantes “companheiras”
nesses movimentos...
Algumas
dessas companheiras de “luta” me acompanharam por outros caminhos. Fiquei, namorei,
casei e me separei algumas vezes, poucas muito poucas vezes. Mas sou um cara de
sorte, sempre tive companheiras maravilhosas. Se alguma coisa deu errado, a
“culpa” foi sempre minha.
Terceiro
Ato - 2012
Hoje
às vésperas de uma eleição que traz o PT e Paulo Maluf do mesmo lado, o Serra e
o PSDB como “salvação” para um cidade em
cujo estado estão no poder há 20 anos e um manorusso como “novidade”, tento manter
minhas convicções de que em política precisamos sempre nos posicionar, nem que
seja para escolher o menos ruim.
E
as greves? Sem questionar a justeza de suas reivindicações, parecem
descaracterizadas. Das atuais, uma delas, por
exemplo, deixa aluno quatro meses sem aulas e professor em casa
assistindo televisão, a outra tem uma adesão de menos de 10% e é considerada
“forte”. Parece que esse legítimo instrumento
de pressão, para ser usado de forma criteriosa, democrática e participativa, virou
um festivo período de férias remuneradas.
Já
no futebol transformaram o meu Palmeiras numa Portuguesa com grande torcida.
Este ano depois de ganhar um título estamos “ladeira abaixo” rumo à segunda
divisão! Mais do que minhas convicções, neste caso, eu procuro manter minhas
esperanças de que isto não vá acontecer.
Minhas
atuais “companheiras” de luta? Ah.. aí meus
caros e pacientes leitores me desculpem mas esta crônica já está muito longa!!!!
sexta-feira, 31 de agosto de 2012
PAULISTA
A brisa do mar, o desenho das ondas, o calor do sol, o gosto do sal, a beleza da menina sensual. Praia. Em Floripa, Arraial do Cabo, João Pessoa ou Natal, Barbados, Aruba, aqui ou na América Central. Nada se compara, nada melhor do que praia.
Mas se é pra viver no Planalto é na Paulista que eu prefiro ficar. Peço desculpas aos fãs do centro velho de Sampa. O pátio do Colégio, o mosteiro de São Bento, o viaduto Santa Efigênia, a Catedral da Sé, o vale do Anhangabaú, os prédios do Martinelli, do antigo Banespa, do Correio Central têm lá seu charme mas... a Paulista é a Paulista.
Cosmopolita, moderna, descolada e cultural, com cinemas, teatros, cafés, bares, desde o Paraíso até o Conjunto Nacional. Masp, Casa das Rosas, Instituto Pasteur são alguns vizinhos ilustres dos futuristas arranha-céus comerciais, bancários, radiofônicos, jornalísticos, estudantis, médicos e laboratoriais lá na região com o metro quadrado mais caro da América Latina.
Democrática, por lá desfilam modelos e "cópias", meninas e coroas, engravatados e bermudados, LGBTs, roqueiros e sambistas, boleiros, ciclistas e skatistas, católicos, evangélicos, espíritas e ateus, metalúrgicos, bancários, médicos, enfermeiros e anestesistas. Mestres e alunos, funcionários públicos e privados, palmeirenses e são paulinos, corintianos e santistas. Na correria no dia a dia ou na São Silvestre do último dia.
De calçadas largas, visão ampla e panorâmica. Tem até verde! Nos canteiros, no Trianon e na linha do Metrô. Verde até por ser porta de entrada dos Jardins. Jovem e com saúde de menina, desde o Incor até as Clínicas passando pelo Nove de Julho e o Santa Catarina.
E ainda a Avenida Paulista que tem lá suas feiras de rua, não de legumes, mas de antiguidades, de artes, bijouterias e outras quinquilharias. Isso sem contar os cantores, pregadores, músicos, palhaços, malabaristas e poetas de rua, dos quais um versou:
Cidade fria de coração quenteAfugenta e atrai o sobrevivente
Ardilosa, agitada e impaciente
Seduz e apaixona a gente...
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
XAN
Ainda que não disseste o que viste
Mesmo que alegre ou triste
És solidário e presente
Mostrando o que de fato sentes
Sabes o peso e valor da palavra
Cuida dela como quem da terra lavra
Não a pronuncia de modo a ferir
Silencias quando este é o melhor modo de se agir
Sabes no gesto mostrar o teu querer
Move-se pelo que precisas fazer
Com fé e determinação, lealdade e zêlo
Sabes amar com cuidado e desvelo
Mesmo que alegre ou triste
És solidário e presente
Mostrando o que de fato sentes
Sabes o peso e valor da palavra
Cuida dela como quem da terra lavra
Não a pronuncia de modo a ferir
Silencias quando este é o melhor modo de se agir
Sabes no gesto mostrar o teu querer
Move-se pelo que precisas fazer
Com fé e determinação, lealdade e zêlo
Sabes amar com cuidado e desvelo
terça-feira, 21 de agosto de 2012
A TV E A OSTRA
Hoje, durante a semana, de tarde, de férias, em repouso, resolvi experimentar uma prática comum aos “brasilianos”: assistir televisão. Antes de falar mais sobre essa experiência, quero destacar que minha TV não é de LED, plasma ou LCD, muito menos 3D. Trata-se de uma televisão modesta, porém honesta, de segunda mão, mas em bom estado de conservação. Enfim, atende bem as necessidades de uso deste esporádico telespectador.
Nesta minha incursão televisiva, diurna e de meio de semana, algo me chamou a atenção na programação. A incrível variedade de receitas culinárias que protagonizam as mais diversas “atrações” da rede de televisão aberta. Imagino que os arautos da produção televisiva nacional sabem o que estão fazendo. Creio que o objetivo seja atender a demanda das donas de casas brasileiras. Bonito e familiar isso, hein?
E aí entre um sanguinário e outro desenho animado, sempre aparece um suflêzinho de legumes ou uma torta crocante de brigadeiro. Essa última confeccionada com chocolate meio-amargo. Ou meio-doce, como preferirem. Já mais para a tarde, no horário vespertino os desenhos dão lugar aos programas “jornalísticos”, não menos sanguinários, e prosseguem as receitas de bolos, de doces e de frutos do mar. E é ai que eu queria chegar!
Graças a um molusco fui hoje apresentado à programação diurna da TV verde-amarela. E quando falo em molusco me refiro particularmente a um grupo específico deles, as ostras. Por favor, meus pacientes leitores, não quero fazer qualquer ilação, com outros grupos, como polvo, lula e mexilhão, muitos menos em época de mensalão. Ainda mais eu, bom petista de formação.
Vocês sabiam que a ostra tem uma forma curiosa de se defender. Quando um parasita invade seu corpo, ela libera uma substância chamada madrepérola, que se cristaliza sobre o invasor impedindo-o de se reproduzir. Como não sou parasita muito menos ataquei uma ostra viva não tive um fim tão trágico. Mas como abusei das ostras, ai de mim, terminei na Beneficência no soro com dramim. Plim-plim!!
segunda-feira, 6 de agosto de 2012
ENCANTADORA
Sua voz recria o espaço
Desalinha cadeiras, mesas e pratos
Suas notas, música e compasso
Redesenham as caricaturas e os retratos
Desperta a paixão
Desdenha da razão
Desampara e dá alento
Com seu brilho e talento
Olhar oblíquo e distante
Ar tímido e inquietante
Dom, suor e sensibilidade
Tingem de fantasia a realidade
Plebéia e duquesa
Bruxa e princesa
Mocinha e vilã
Serve e come a maça...
Desalinha cadeiras, mesas e pratos
Suas notas, música e compasso
Redesenham as caricaturas e os retratos
Desperta a paixão
Desdenha da razão
Desampara e dá alento
Com seu brilho e talento
Olhar oblíquo e distante
Ar tímido e inquietante
Dom, suor e sensibilidade
Tingem de fantasia a realidade
Plebéia e duquesa
Bruxa e princesa
Mocinha e vilã
Serve e come a maça...
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
BABOSEIRAS DE UM INSONE EM FÉRIAS
Ando desconfiado que este blog tenha vontade própria. Ou pelo menos tenha o seu próprio horário. Não sei se o problema é fuso, mau uso, abuso ou falta de parafuso. O fato é que sempre que posto algo por aqui, a postagem é registrada com um horário anterior, algumas horas antes do tempo real. Eu não tenho nem o consolo de falar que este blog está à frente de seu tempo, pois o que acontece é justamente o contrário.
Já tentei mudar o horário do computador, fucei nas configurações do “impostador”, até apaguei a luz do corredor, mas o blog está mesmo mais à esquerda de greenwich. Não tem jeito nem remédio, o horário do dito cujo não “bate” com o do computador, nem com o do relógio de pulso e do celular do escritor, sequer com o da cozinha da vizinha do autor.
Já pensei em consultar meu staff de informática acerca do assunto, mas receio que a equipe ande muito ocupada com problemas mais relevantes, como as aulas na USP ou a falta delas nas Universidades Federais. Por isso vou me restringir a apenas notificar a meus pacientes e corajosos leitores que a esta altura já estamos no dia primeiro de agosto de 2012, mais precisamente às 2:05 horas, horário de Brasília. Bom dia a todos!
Hoje inicia meu sabático período de férias. Aliás, por falar em sabático, em geral as pessoas normais iniciam suas férias aos sábados, após o último dia de trabalho na boa e velha sexta-feira. Eu disse as pessoas normais, categoria que não se enquadram os arremedos de escritores. Alguns dessa espécie saem de férias na terça-feira, em pleno mês de agosto, sem dinheiro, sem lenço, mais cheios de documentos debaixo do braço. Enfim!
Só que esses lunáticos têm um prazer especial. Qual seja o de em plena madrugada de uma quarta-feira, não feriado nem ponto facultativo, poder se dedicar ao ócio destrutivo de escrever um amontoado de baboseiras, sem qualquer culpa nem remorso no dia seguinte. Muito menos sono e olheiras! Boas férias...
quinta-feira, 26 de julho de 2012
AVÓ
Ainda que tenha sido por acaso
Mas a tempo e dentro do prazo
Descobri algo simples mas importante
Afinal estou longe mas não distante!
26 de julho é o dia da avó
E eu que das minhas conheci uma só
Sei da coragem dessas matriarcas
Que não temem a luta, nem as suas marcas.
Possuem inesgotável capacidade de entrega
Mulheres fortes, cujo caráter não se nega
Que da família fazem a razão de sua vida
Para atender a todos de forma repartida
Tal qual aquela, que sem mais aquilo nem isso
Tomo a liberdade de me achar seu neto postiço
Para oferecer essa poesia simples mas singela
Pra dizer-lhe o quão admiro e gosto dela!
Mas a tempo e dentro do prazo
Descobri algo simples mas importante
Afinal estou longe mas não distante!
26 de julho é o dia da avó
E eu que das minhas conheci uma só
Sei da coragem dessas matriarcas
Que não temem a luta, nem as suas marcas.
Possuem inesgotável capacidade de entrega
Mulheres fortes, cujo caráter não se nega
Que da família fazem a razão de sua vida
Para atender a todos de forma repartida
Tal qual aquela, que sem mais aquilo nem isso
Tomo a liberdade de me achar seu neto postiço
Para oferecer essa poesia simples mas singela
Pra dizer-lhe o quão admiro e gosto dela!
sábado, 7 de julho de 2012
INEXPLICÁVEL, COMO A POESIA
Desconheço qual é o contexto
Apenas sei o caminho e o endereço
Não há fumaça mas tem fogo
É vivo e latente como um desafogo
Não tem lógica, é transcendental
Obra do acaso, mas não acidental
É incrustado, profundo e permeia
É tão real como uma sereia
Vida passa e deixa lembranças
Prossigo com minhas andanças
Não sei se é futuro, presente ou passado
É como se houvesse um roteiro traçado
Tem razão e motivo, mas não explicação
Como se não andasse, mas vivesse em ação
É terra molhada sem ter chovido
É incongruente mas faz todo o sentido.
sábado, 30 de junho de 2012
ENTRE MASSAS E VINHOS
Ontem fui a uma festa de aniversário! Carcamano, admirador confesso das massas, este dublê de bancário e rabiscador de baboseiras foi conduzido a uma charmosa pizzaria dos “jardins”, conhecida região formada por elegantes bairros da zona sul paulistana. Que chique!
Mesa posta, lugares à mostra, festa composta, e eu pensando naquela proposta. Eu perdi a aposta e a companhia fez uma contraproposta. Mas, enfim... cheguei ao local. Na companhia da aniversariante, Dna. Lú e do sommelier, Monsieur Ominé, responsável por desvendar os segredos da carta de vinhos da Casa.
De cara, nosso sommelier debateu com o especialista local a epopéia vinícola e a relação entre o vinho e a orientação sexual de seus consumidores. Observei, atento e boquiaberto, o cipoal de conhecimentos trazidos à mesa por ambos. Suavidade, “encorpamento”, temperatura, bouquet, paladar, coloração, grau de masceração, origem e atratividade foram discutidas com autoridade pelos “experts”.
Ao final da conversa, pareceu-me que a predominância de homens ou mulheres no evento deveria ser o mote para a escolha do tipo de vinho. Feitas as contas, montadas as planilhas... nada se concluiu! Lamentou-se, então, a ausência, naquele momento, do Sr. Marc Atto, o estatístico da trupe.
A festa se seguiu, com a chegada do jovem Theo e de seu pai, o Sr. Thomaz Edison, consorte da aniversariante, e da Sra. Amira, comazar de trabalhar com o sr. Ominé. Chegaram, ainda, a Sras. Andressa e Cristina Corporate Finance F., a srta. Patrícia e os srs. Marco(s) Anthony e Vinicius, além do srs. Quiz e Marc Atto. Estes vindos diretamente da pista de dança do Bovinu’s Baladas Carnívoras.
Juntaram-se também ao grupo os Srs. Rei Nato Boss Providência, J. Reinold Pai Fresco Júnior, Phlilip Prince I, Newdo Pré-sal Project Finance, o Sr. Charles DTVM e senhora e, ainda, o engenheiro de produção, Dr. Sergei S.S.. Todos convidados para as festividades de aniversário da mãe do jovem Theo Jobs Gates.
Degustadas as entradas, foram pedidas as pizzas. O Sr. Marco Anthony, vegetariano e fã declarado do Dr. Drauzio Varella, sugeriu uma pizza “leve”, composta de palmito, cebola “roxa”, uma espécie de queijo amarelo, derretido sobre uma massa de 8 centímetros. Que leveza!
A partir daí discutiu-se, entre outras amenidades, estilos de liderança, mercado de capitais (além das vendinhas do interior), agricultura, em especial os “abacaxis” do Fórum Atacado, o controle de natalidade e, ainda, os mistérios insondáveis da mente humana, sob a ótica do nosso historiador, Marcos Vinicius P. L.
Talvez mais alguma coisa tenha sido debatida ou polemizada, como gosta de pontuar nosso historiador P. L, e tenha passado despercebida deste escrivinhador, mas isso já é passado, o que conta agora são os sonhos e projetos que a aniversariante do dia carrega a tira-colo.
sexta-feira, 22 de junho de 2012
METÁFORA
Mente longe longe mente
A mente mente descontente
Mente noite friamente
Fria mente mas ardente
Mente arde incandescente
Pura mente indecente
Só mente gente mente
Doce mente indulgente
Ela, a mente, desmente
Mente ela só mente
Firme mente mas gentil mente
Viva mente livre mente...
A mente mente descontente
Mente noite friamente
Fria mente mas ardente
Mente arde incandescente
Pura mente indecente
Só mente gente mente
Doce mente indulgente
Ela, a mente, desmente
Mente ela só mente
Firme mente mas gentil mente
Viva mente livre mente...
quinta-feira, 14 de junho de 2012
O RELÓGIO BIOLÓGICO DO METRÔ
Outro dia um amigo fez um interessante comentário sobre o humor das pessoas no Metrô. Meu atento e estudioso camarada discursou sobre o clima festivo e animado que se observa à noite nos vagões do Metropolitano de São Paulo, e que o mesmo contrasta com o ar circunspecto, sonolento e até mal-humorado que prevalece nas composições no inicio das manhãs. Seja na estação Itaquera-Corinthians como na Barra Funda-PALMEIRAS ( grifo por conta do autor!)
Parece bobo e irrelevante, mas é um fato indiscutível e que dá margem a uma profunda análise psico-sócio-comportamental do ser humano. Coisas de relógio biológico, ritmo circadiano, ou seja lá o que for, o fato é que a constatação de meu amigo é absolutamente correta. Observem meus caros passageiros!
Para quem não sabe o Metrô de São Paulo ramifica-se em linhas que são classificadas por matizes e números. A explicação é pertinente, pois outro dia descobri, fuçando no menu "estatística e origem de tráfego" do meu blog (é isso Carú? tá certo Xan?), que tenho leitores (t r ê s) na Alemanha. O que não se faz após encher a pança de chucrutes, joelho de porco, steinhager e cerveja!!
Mas por falar em tráfego vamos voltar aos trilhos. O clima ranzinza matutino é percebido nas linhas verde, azul, amarela, vermelha e outras menos votadas do nosso bom e velho Metrô. Assim como o clima alegre e efusivo noturno é notado em todo arco-íris de linhas por onde transitam as composições. Ou seja, independente da origem geográfica ou social da população a noite sempre será uma "criança", risonha, faceira e festiva.
Reparem, a tão falada má-educação em relação ao empurra-empurra, disputa por lugares, especiais ou não, bate-bocas, safanões e palavrões sempre acontece no horário da manhã. Já viram o contrário, é claro, a exceção confirma a regra. E não vale citar as arruaças de torcidas uniformizadas após os jogos noturnos, pois tenham certeza que se os jogos fossem de manhã a pancadaria seria bem maior!! Quem dúvida, favor comparecer à SSO.
quinta-feira, 7 de junho de 2012
SIMPLESCIDADE
A vida pra ser vivida com graça
Tem que ser levada na raça
E também sem rancor e pirraça
Pois isso só traz tristeza e desgraça
Apreciar uma boa cachaça
Mas sem exagerar na taça
Admirar a menina que passa
Pelo caminho que traça
Viver com fé e sem trapaça
Não apedrejar a alheia vidraça
Sem brigas ou arruaça
Sem poluição nem fumaça
Comer uma boa massa
Se alimentar com linhaça
Curtir os amigos de graça
Namorar de mãos dadas na praça
Tem que ser levada na raça
E também sem rancor e pirraça
Pois isso só traz tristeza e desgraça
Apreciar uma boa cachaça
Mas sem exagerar na taça
Admirar a menina que passa
Pelo caminho que traça
Viver com fé e sem trapaça
Não apedrejar a alheia vidraça
Sem brigas ou arruaça
Sem poluição nem fumaça
Comer uma boa massa
Se alimentar com linhaça
Curtir os amigos de graça
Namorar de mãos dadas na praça
sábado, 2 de junho de 2012
CRÔNICA DO MELHOR LUGAR DO BAR
Dia desses fui numa festa de confraternização. Era mais um desses eventos comemorativos de fim de ano. Para o bem ou para o mal, o ponto era “tradicional”. Aliás tradição é o que não falta para o local que já foi conhecido como o “bar das putas”. Calma, meus pacientes leitores, essa alcunha tinha uma áurea intelectual e descolada. Coisa bem humorada, típica da verve boêmia.
E lá fui para o conclave dos bancários. E este aqui, mais um deles, que além de tudo é metido a escritor, chegou atrasado, esfomeado, com sede e distraído, distração essa que, conforme vocês verão mais adiante, teve um alto custo, daqueles que pagamos lamentando por um bom tempo.
Mas afinal, depois de escalar alguns lances labirínticos de escada, cheguei ao que me apresentaram como a cobertura ou o terraço do tal restaurante, o hoje “Sujinho”, agora sim de apelido assumido e institucionalizado. De novo, a veia debochada e bem humorada do pessoal da noite agiu rápido para definir a razão social do boteco.
E aí entrincheirado em meu lugar sou convidado a digerir polentas fritas, batatas fritas, mandiocas fritas, bistecas fritas, etc fritas. Para deixar as pessoas com a consciência mais leve são servidas saladas, variedades de frutos do mar e outras iguarias mais saudáveis, mas o grande sucesso da comilança é mesmo o filé de brontosauro, com direito a osso e tudo... regados a muita cerveja e caipirinha e, justiça seja feita, algumas resistentes coca-cola, zero!
Mas enfim vieram as fotos, todo mundo quer o seu retratinho, e os clicks só eram abafados pelos berros animados que vinham da mesa do truco. E nas cartas vale tudo, só não vale deixar o chefe perder! Mas só após a sobremesa percebo... que não ocupei o lugar mais interessante da festa, aquele que, quem sabe, pode ter sido guardado pra mim.
sábado, 26 de maio de 2012
AMIGO URSO
Todo fim de ano é assim. Tanto pra vocês quanto pra mim. Seja na Paulista ou na Chácara Klabin. Confraternizações, discursos e promessas. E eu sempre nessas. Mas ontem fui a um evento diferente. Com cerveja de grife, bom vinho e boa gente. Mas essa composição revelou-se surpreendente. Vejamos.
Fui de carona. Com colegas, no carro da minha chefa. Hábil pilota! Dirigia, falava ao celular, mandava mensagem e conversa com os passageiros ao mesmo tempo. Tudo isso e ainda linda, nossa miss catarinense, com todo respeito meu caro Sr. Costa, o consorte!!!
Fui no banco de trás do carro, pois o Renato kis ir na frente. E ele foi segurando algo, que eu não sei bem o que era, mas estava no meio das pernas dele, e uma das mamães do evento, Miss Andressa, insistia em pedir que ele não balançasse. Sob pena dele se melecar. Preferi não fazer perguntas.
Fui no banco de trás do carro, pois o Renato kis ir na frente. E ele foi segurando algo, que eu não sei bem o que era, mas estava no meio das pernas dele, e uma das mamães do evento, Miss Andressa, insistia em pedir que ele não balançasse. Sob pena dele se melecar. Preferi não fazer perguntas.
Chegando à cobertura Costa Buss fomos recebidos pelo jovem anfitrião Theo. O reinventor do ipad recebeu festivamente aquela horda, que sua mãe chamava carinhosamente de seus “funcionários”. Integrava também nossa comitiva Madre Teresa de Turrá, já praticamente em trabalho de parto.
E aí não parou mais de chegar gente. Veio tanta gente, que até o Edson Costa, o dono casa, também veio. Tinha tanto povo que só grávidas tinham quatro. Mas o inesperado ainda estava por vir. E o inesperado não era o Zé Reinaldo Senior, com a sua camiseta número 8 às costas, um verdadeiro Gerson!
Já o Omine, obcecado, insistia em cobrar tarifa de todo mundo que se aproximasse da mesa de frios. Em cujo entorno circulávamos eu e o sr. Marco Antonio, de camiseta de surfista. Excepcionalmente, debatíamos e discordávamos de temas políticos-partidários, filosóficos, econômicos, futebolísticos e religiosos. Isso enquanto observávamos o Renato, Proença, ouvindo, pela décima quinta vez, o seu xará falar sobre a mais nova aquisição da CEMIG. Seria o Messi???
Mais a noite avançou. E talvez algumas propriedades alucinógenas daquelas variedades de cervejas e vinhos desencadearam cenas indescritíveis. Mas vou tentar. Assim que foi iniciada o que era para ser uma singela e afetuosa troca de presentes uma série de furtos, insultos, chantagens, coerções e outras baixarias começaram. Foram taças roubadas, cd’s, dvd’s, porta-retratos, garrafas de vinho e outras lembranças subtraídas reciprocamente e sem cerimônias, era ladrão roubando de ladrão.
O espetáculo só terminou quando o Renato, que durante a transe coletiva Kis e foi ao banheiro com seu presente, creio eu, debaixo do braço, aceitou ficar com o envelope premiado que dava direito a uma viagem de ida e volta para Indaiatuba, na vã clandestina locada pela Diretoria Comercial do Banco do Brasil.
Eu só sei dizer que acordei no dia seguinte abraçado ao meu vinho e as minhas taças no meu acampamento. Já o Zé Reinaldo, imagino eu, deve ter acordado nos braços da Adele, ao som de Cauby Peixoto!
Eu só sei dizer que acordei no dia seguinte abraçado ao meu vinho e as minhas taças no meu acampamento. Já o Zé Reinaldo, imagino eu, deve ter acordado nos braços da Adele, ao som de Cauby Peixoto!
ELES: OS POETAS
Vivem com desejo e com apego
Morrem de angústia ou desassossego
Com indiscrição ou indecência
Por lucidez ou demência
Talento e sensibilidade
Tristeza e perplexidade
Flertam com o amor
Vivem do prazer e da dor
Exagerados e dramáticos
Sedutores e carismáticos
Perdem-se pelo caminho
Afastam-se do ninho
Deliciam-se com o mel
Transformam-no em fel
Lambuzam-se com a vida
Sem juízo ou medida.
Morrem de angústia ou desassossego
Com indiscrição ou indecência
Por lucidez ou demência
Talento e sensibilidade
Tristeza e perplexidade
Flertam com o amor
Vivem do prazer e da dor
Exagerados e dramáticos
Sedutores e carismáticos
Perdem-se pelo caminho
Afastam-se do ninho
Deliciam-se com o mel
Transformam-no em fel
Lambuzam-se com a vida
Sem juízo ou medida.
JANTAR COM AS ESTRELAS
O apartamento número 121 da Rua Democratas 543, encravado no bucólico bairro da Saúde, jamais será o mesmo. Ontem à noite, aquela acolhedora unidade do Edifício Advance Way foi “palco” de mais um dos já tradicionais jantares da Divisão Large Corporate Finance da Gerência de Operações Estruturadas I da Diretoria Comercial do Banco do Brasil S.A. Só!!
Desde o anfitrião, o eclético historiador Pasi Lopes, até cada um dos demais comensais, passando pela dupla canina Milu e Lulu, ninguém saiu ileso do encontro. O destaque ficou por conta da hospitalidade e dos surpreendentes dotes culinários do nosso cientista político, Pasi Lopes, fã declarado do líder polonês originário das massas, o camarada Lech Walesa.
A caminho para o jantar, no Metrô, o primeiro incidente ocorreu. A neo-grávida, sra. Turra, e o idoso sr. Gallucci disputaram o acento especial do vagão do trem. Agressões verbais partiram da gestante, que jura que ouviu o que ele não falou enquanto que ele jura que falou o que ela não ouviu. No final das contas, a jovem mamãe viajou sentadinha no banco reservado enquanto que o Sr. Gallucci chacolejou, de pé, até a estação São Judas. Amém!
Já no chateau Pasi Lopes, de pronto, um fato chamou a atenção do intrépido representante da comunidade tatuiense, sr. Andrade Soares. O aparelho de televisão do anfitrião tinha uma característica especial. A mesma trilha sonora, de muito bom gosto, por sinal, acompanhava todos os programas, anúncios e inserções da programação televisiva. Pura tecnologia de ponta!
O sr. Gallucci, o tal que viajou de pé, não contente com um enfrentamento com a sra. Turra, também teve problemas com a cadela Lulu. Essa última, suspeita-se inspirada na miss Juiz de Fora, srta. Patrícia Santiago, estabeleceu de imediato uma relação conflituosa e ruidosa com o mais “experiente” da trupê. Osso duro de roer! Ambos!
Algumas garrafas de vinhos já entornadas e alguns tira-gostos devorados pelos convidados, eis que o nosso destemido e convicto administrador de empresas, sr. Marcatto, adentra, sem anúncio, cerimônia e apresentação, o aconchegante apartamento do provisoriamente solteiro banqueteiro. Naquela altura o grupo era composto por 60% de homens e 30% de mulheres. O resto? Perguntem pro também estatístico, sr. Marcatto.
E por aí a noite avançou. Com a crise alérgica do sr. Andrade Soares, o telefonema preocupado da avó do historiador, outras “estranhas” chamadas telefônicas recebidas pelo sr. Gallucci, até o “tratamento de choque” aplicado pelo jovem adestrador Theo na dupla Lulu e Milu. Já dasLú e Andressa só comentários elogiosos. O sr. Sanches, por diversas vezes Kis falar mas o Sr. Andrade Gutierrez Soares não deixou. Já o Engenheiro de Produção Mecânica, Dr. Sérgio, foi sabatinado por representantes do CREA, presentes no local.
E depois do salmão e do risoto de queijo “brie”, os convidados satisfeitos com a qualidade dos pratos retiraram-se cada um para o seu lar. O sr. Gallucci, que além de bancário é metido a escritor, para não correr o risco de novos confrontos no Metrô, foi de São Judas até o Paraíso, a pé e com fé!!!!
sexta-feira, 25 de maio de 2012
CRÔNICA DE UM EX-FUTURO MILIONÁRIO
O nosso homem mal havia digerido o almoço e aquela manchete já revirara seu combalido estômago. Paulistano da gema voltara recentemente a trabalhar na Paulista e fazer suas refeições no “Quartander”, aconchegante restaurante localizado no prédio do Banco do Brasil na esquina da Augusta com a Paulista, que só não virou letra do Caetano porque o poeta baiano nunca almoçou por lá.
E que aquela manchete do periódico! Logo depois do cafezinho com um dos novos colegas de trabalho. Colega novo, trabalho novo, número novo... mas da velha avenida que tantas saudades deixara no coração daquele velho forasteiro urbano, acaipirado pelos ares do oeste paulista.
Mas diante dele, agora, reluzia a manchete dos R$ 70 milhões acumulados na Megasena. Esse jogo de números que os senhores, meus pacientes leitores, tão bem conhecem. Porém, não era o caso do nosso incauto apostador.
Excitado, nosso jogador compartilhou com seu grupo o sonho da fortuna fácil. Feitas as contas recolheram-se os dízimos. Até aí tudo tranqüilo e civilizado. Mas quantos jogos deveriam feitos com os R$ 100,00 arrecadados? Um de oito, dez de sete, cinco de sete e seis de seis, quatro de sete e trinta de seis, dois de sete e duzentos e cinqüenta de seis, dois milhões de seis... Entenderam???? Já imaginava! Vocês são inteligentes!
A escolha do “coitado” que iria até a casa lotérica, enfrentaria fila em um dos dois guichês abertos dos vinte e três existentes, tiraria da cartola números mágicos e “pintaria” artisticamente aquela meia centena de quadradinhos daqueles diversos “volantes” lotéricos recaiu sobre o nosso velho bancário repatriado.
Foi, viu e venceu! Pelo menos era o que acreditava. Jogos feitos, calhamaços de papéis carregados como troféus, seguiu até os elevadores do prédio onde trabalhava. Escalaria naquela engenhoca o oitavo andar do edifício. Elevador moderno, com televisãozinha e voz aveludada informando os andares, o sentido (sobe – desce) e outras utilidades convenientes aos viajantes do espaço.
Nave cheia. Sobe. Andares marcados na botoneira. Pessoas elegantes e bonitas compartilham o espaço. De repente o transportador vertical pára. Entre andares, abre a porta interna e a externa aparece lacrada como a de um cofre forte. Existe cofre fraco? Todos aparentam calma. Até que um voluntário aperta o botão de emergência, delicadamente uma vez, com decisão a segunda, firmemente a terceira, com energia a quarta, violentamente a quinta, com raiva a sexta até esmurrar o botão na décima vez.
A bonança parecia terminar. Nosso herói percebe que no elevador estão duas moças e sete homens. Sete homens e um destino. Nosso bravo personagem começa a suar. Um dos elegantes engravatados pede, aos berros, que todos mantenham a calma. Cabe dizer que naquele momento ninguém estava falando ou fazendo absolutamente nada.
Foi o estopim para acabar o sossego, o motoboy reclama do prédio metido a besta, uma das moças percebe que seu celular não dá sinal, a outra tenta nervosamente ligar seu notebook, o pessimista lembra que o amigo de seu pai já ficou oito horas preso num daqueles, enquanto o realista acredita que em vinte minutos todos estarão fora da “caixa metálica”. Já nosso apostador aperta os jogos da fortuna entre os dedos.
Afinal passados longos cinco minutos a porta se abre no térreo. A educação já era mercadoria rara. Todos querem passar pela porta ao mesmo tempo. Alguns vão embora do prédio, outros procuram as escadas, nosso homem, que se não bastasse tudo ainda é metido a escritor, pega outro elevador e sobe, sonhando com a fortuna, que naquela mesma noite viraria pó. Sobrou o elevador no dia seguinte, sobe!
quinta-feira, 24 de maio de 2012
CARÍCIA INVISÍVEL
Quero com ela alcançar teu rosto
Deixar em tua boca meu gosto
Com delicadeza mas com malícia
Suave assim como uma carícia
Dizer-lhe algo simples mas especial
Que seja do dia-dia mas não banal
Que toque sua mão e... seu coração
Faça-a rir ou chorar de emoção
Palavras e frases num arranjo inventivo
Que troquem o comum pelo criativo
Que traga fantasia pro seu dia
Eis a razão de ser da minha poesia...
Deixar em tua boca meu gosto
Com delicadeza mas com malícia
Suave assim como uma carícia
Dizer-lhe algo simples mas especial
Que seja do dia-dia mas não banal
Que toque sua mão e... seu coração
Faça-a rir ou chorar de emoção
Palavras e frases num arranjo inventivo
Que troquem o comum pelo criativo
Que traga fantasia pro seu dia
Eis a razão de ser da minha poesia...
ALEXANDRE E CAROLINA
Aprendi com ela e com seu jeito
que sem alarde se faz a ação
com atitude, doçura e respeito
se age com a alma e o coração
Aprendi com ele mesmo sem fala
que o seu silencio é eloqüente
quando a palavra se cala
mas o gesto se faz presente
Corre menino corre menina
e a vida sempre me ensina
com esse vem e vai
a me reinventar como pai...
que sem alarde se faz a ação
com atitude, doçura e respeito
se age com a alma e o coração
Aprendi com ele mesmo sem fala
que o seu silencio é eloqüente
quando a palavra se cala
mas o gesto se faz presente
Corre menino corre menina
e a vida sempre me ensina
com esse vem e vai
a me reinventar como pai...
sábado, 19 de maio de 2012
PENSAR NA VIDA
Pensar na vida só tem valia
E ter saudades só faz sentido
Se isso resgatar do tempo ido
A emoção que colore o dia
Perder o sono ou sonhar desperto
Trocar a razão pela fantasia
Crer que a vida tenha magia
Só se for pra ter amor por perto
Por crença, ideal e filosofia
Só vale a pena ter melancolia
Se trouxer ao peito a nostalgia
Da qual floresça a poesia
E ter saudades só faz sentido
Se isso resgatar do tempo ido
A emoção que colore o dia
Perder o sono ou sonhar desperto
Trocar a razão pela fantasia
Crer que a vida tenha magia
Só se for pra ter amor por perto
Por crença, ideal e filosofia
Só vale a pena ter melancolia
Se trouxer ao peito a nostalgia
Da qual floresça a poesia
A PIZZA DE PLÁSTICO
Na semana passada fui ao shopping center. Se eu morasse em Viçosa (MG), meus pacientes leitores não teriam o porquê perguntar ao qual shopping eu fui. Pois lá, na viçosa cidade da zona da mata mineira só existe um. O “charmoso” Mundial Shopping Center. Defronte a rodoviária da cidade. De onde partem os ônibus para São Paulo, que chacooolejam 11 horas para chegarem a maior cidade da América Latina. Daria para ir até Paris!
Mas não eu não moro em Viçosa. Resido na cidade de São Paulo. Então, é pertinente que meus resistentes leitores queiram saber qual shopping center eu visitei. É verdade, em Sampa tem vários, não sei dizer nem quantos existem atualmente. Porque com certeza enquanto escrevo essas linhas mas algum deve estar sendo inaugurado em algum ponto da cidade.
Mas não direi a qual fui. Não caberia fazer propaganda gratuita neste espaço. Até porquê fui ao shopping para ir ao cinema. Entenderam? Para quem não entendeu cabe uma explicação. É porque paulista adora “botar” tudo dentro do shopping. Questão de idolatria. No shopping tem cinema, bar, restaurante, boliche, petshop, teatro, academia, supermercado, parque infantil, berçário e até lojas!
Também não é sobre o filme que assisti que pretendo falar. É sobre uma máquina que lá encontrei. Não no Itororó e sim no shopping. Ela estava alinhada logo após as de “auto-atendimento” de alguns bancos.
Era um pouco maior que suas parentes do sistema financeiro. Era vermelha, tinha vários botões coloridos, um conjunto de “leds” que piscavam incessantemente, uma espécie de buraco retangular onde lia-se “output”. Na lateral da máquina havia uma espécie de “entrada”, que logo abaixo apresentava uma tela digital com as seguintes opções: pagamento em cheque, dinheiro ou cartão. Logo abaixo um outro botão com a seguinte inscrição: “nota fiscal paulista?” No topo da máquina lia-se “pizza instantânea”.
Resolvi arriscar. No menu eletrônico escolhi o sabor, a “grossura” da massa, o tipo de borda e a marca do molho de tomate. Surpreso e curioso aguardei por alguns instantes. Depois de cerca de dois minutos e meio surge no buraco de “output” uma caixa de papelão com o desenho do Ronald Macdonald´s. Era minha pizza. Procurei uma mesa na praça de alimentação, abri a embalagem que na parte interna tinha um garfo e uma faca, ambos de plástico colados por numa etiqueta amarela e comi a iguaria. Com a mesma empolgação de quem transa com a prostituta da esquina pensando na Angelina Jolie.
Pensativo, caminhei até o estacionamento. Lembrei daquela mesa com uma impecável tolha vermelha, com cadeiras altas, guardanapo de pano, talheres de prata e um cardápio de couro, no qual eu podia escolher a pizza que o simpático e solícito garçom traria para o meu deleite. Mas do que isso me veio à memória a moça bonita com quem eu dividia a mesa, conversava e trocava olhares apaixonados, enquanto degustávamos nossa massa. Será isso coisa do passado? Do tempo que minha cara-metade me chamava de linducho!
GEMINIANO
Bancário, gosto do que faço
Trabalho com régua e compasso
Faço, no improviso e sob medida
a operação “solo” ou divida
Sou criativo, eclético e inteligente
esse último, pelo menos o suficiente
pra, imodesto, aguentar o tranco
de trabalhar lá no banco
Mas... só que de quando em vez
por necessidade, subversão ou insensatez
misturo objetividade e racionalismo
com devaneios e lirismo
Assim como também pra me proteger
só deixo o público em geral ver
o lado fanfarrão, irreverente e provocador
de um romântico e apaixonado trovador...
Trabalho com régua e compasso
Faço, no improviso e sob medida
a operação “solo” ou divida
Sou criativo, eclético e inteligente
esse último, pelo menos o suficiente
pra, imodesto, aguentar o tranco
de trabalhar lá no banco
Mas... só que de quando em vez
por necessidade, subversão ou insensatez
misturo objetividade e racionalismo
com devaneios e lirismo
Assim como também pra me proteger
só deixo o público em geral ver
o lado fanfarrão, irreverente e provocador
de um romântico e apaixonado trovador...
domingo, 13 de maio de 2012
HOMENAGEM
Dia das Mães. Data nobre do calendário anual do comércio. Talvez, em termos de movimento ($$) equiparado ao Natal. Superando o dia dos pais (coitados!), das crianças e dos namorados. Oportunidade de vender celulares, bolsas, sapatos, meias, jóias e perfumes. E desovar micro-ondas, panelas, televisões, geladeiras e fogões... estes últimos para aquecer a economia.
Época de lojas lotadas e de novas e velhas campanhas publicitárias. Domingo de trânsito nas ruas e de filas em restaurantes. De churrascaria a cantina, de missa das mães, com padre e batina. De resgatar do fundo do guarda-roupa os vestidos maternos. E haja naftalina!
Mas superados os aspectos macro e microeconômicos, viários, gastronômicos e religiosos avancemos para outras questões satélites, tais como os chavões da aludida data. O mais festejado é o tal de “Ser mãe é padecer no paraíso”. À distância, como neto, filho, pai, marido e companheiro, acho que seria mais apropriado dizer “é gozar no inferno”.
Mas não quero chocá-las com minha irreverência. Até porquê espírito crítico e bom-humor são bem vindos, mas brincadeira tem limite, menino! Certo? E... na verdade, ô mães, só quero reverenciá-las com carinho. Vocês, seres humanos especiais, que se recriam para reproduzirem o milagre da vida.
Fugir do viés de “negócio de ocasião” com o qual a publicidade trata as mães. Essas mulheres que têm o “topete” de trazer ao mundo uma nova vida. E depois se viram, desviram e reviram, muitas vezes sozinhas, para fazerem o que acreditam ser o melhor para criarem seu rebento. E haja talento!
E as mudanças pelo caminho. A começar pelo corpo, que aumenta sem pedir licença. E a cabeça? Que fica um trevo. A alegria, satisfação, orgulho e realização convivem, não pacificamente, com o medo, a insegurança e a ansiedade. E as dores do parto? Dizem que a é cólica renal das mulheres. Então dói!!! É... preciso ser fêmea, para segurar essa barra!
Mas ser mãe é estar mais perto de Deus. No tête-à-tête. Estabelecer com Ele um silencioso pacto de cumplicidade, no qual a vocês, mulheres-mães ou mães-mulheres, com todas as limitações e obstáculos, cabe dar curso a essa obra da criação. Ave mães!
Nota de rodapé:
(Marquei algumas mães aqui no facebook, mas quero dirigir esse texto a todas que conheço, com exceção a uma delas, para a qual eu conto com o provedor Divino para que esse rabisco chegue ao seu destino).
sábado, 12 de maio de 2012
OCUPAÇÃO OU GANHA PÃO
Profissão é um troço sério
Exige talento, gosto e critério
Alguns sonham e pensam no prazer
Outros têm pesadelos só pra sobreviver
Alguns buscam a vocação
Pra escolherem a profissão
Outros trabalham como camelos
Terminam barrigudos e sem cabelos
Há aqueles que fazem avaliação vocacional
Com todo rito, pompa, luxo e cerimonial
Já outros são escolhidos pelo emprego
Comem marmita ou churrasco grego
Um amigo meu, mesmo sem grana e patrocínio, sonhava com medicina
Hoje “prático” de farmácia aplica, na veia, injeção de penicilina
Eu, como outros, desde cedo no batente pra ganhar dinheiro
De bancário minha filha transformou em blogueiro...
Exige talento, gosto e critério
Alguns sonham e pensam no prazer
Outros têm pesadelos só pra sobreviver
Alguns buscam a vocação
Pra escolherem a profissão
Outros trabalham como camelos
Terminam barrigudos e sem cabelos
Há aqueles que fazem avaliação vocacional
Com todo rito, pompa, luxo e cerimonial
Já outros são escolhidos pelo emprego
Comem marmita ou churrasco grego
Um amigo meu, mesmo sem grana e patrocínio, sonhava com medicina
Hoje “prático” de farmácia aplica, na veia, injeção de penicilina
Eu, como outros, desde cedo no batente pra ganhar dinheiro
De bancário minha filha transformou em blogueiro...
sexta-feira, 11 de maio de 2012
CAMINHO
O caminho é o endereço
Não importa o fim nem o começo
Apenas o avanço e o movimento
De coração e de pensamento
Correr, seguir em frente e respirar
Livre mente, deixar o corpo transpirar
Vento no rosto, talvez um gosto
Que se era desgosto agora não é mais
Ganhar o mundo e alargar o espaço
Na veia correr o sangue e acelerar o passo
Vida passageira e natureza de paisagem
E assim, a flor da pele, seguir viagem
Mirar distante mas ver que ao lado
Há outro ser igualmente alado
Que também segue na trilha
E tal qual você não é uma ilha...
PAZ E AMOR
Quando amanhece me agito
No peito sufocado um grito
Mas à noite me sinto mais calmo
Como se avançasse um palmo
Desejo ouvir o meu coração
Encontrar em meu ser a razão
Seja no ócio de um simples lazer
Ou na realização de um grande prazer
Também quero paz e sossego
Amor sem posse mas com apego
Companheirismo e cuidado sem sufoco
Compartilhar de tudo um pouco.
No peito sufocado um grito
Mas à noite me sinto mais calmo
Como se avançasse um palmo
Desejo ouvir o meu coração
Encontrar em meu ser a razão
Seja no ócio de um simples lazer
Ou na realização de um grande prazer
Também quero paz e sossego
Amor sem posse mas com apego
Companheirismo e cuidado sem sufoco
Compartilhar de tudo um pouco.
FUSO HORÁRIO
Ando um pouco apreensivo em relação a essas voltas que a Terra, irriquieta e inconstante, insiste em dar em torno do Sol. Atualmente eu e você não partilhamos do mesmo fuso horário. E fico conjecturando, ainda que sem perder o sono, se o fato de estar mais próximo do meridiano de Greenwich me é benéfico ou não. Desconfio que deva estar envelhecendo antes que você, o que convenhamos não me deixa numa posição muito confortável.
Talvez devesse me mudar para o Alaska. Mas suspeito que a minha manta, arrematada em uma promoção do Extra, não seja suficiente para me aquecer por lá. E olhe que sempre tive uma atração especial pelo Alaska. Ah... o Alaska, desde de a minha primeira partida de "War" sempre adorei cerrar as fileiras dos meus exércitos naquele estratégico território para a partir dele desencadear minhas conquistas globais.
Mas além do friozinho, o Alaska me colocaria diante de outro desafio, a língua inglesa. Em diversos momentos de minha vida, ginásio, colégio, cursinhos e até faculdade, estudei a dita cuja sempre com pouca empolgação , a ponto de nunca ter me apaixonado por ela. Logo precisaria de um "novo" curso intensivo.
Só que para tanto imporia algumas condições. Não estou a fim de esquentar a cadeira em alguma sala de aula da "Cultura Inglesa", Cel Lep" ou "Yázigi" da vida. Portanto, teria que ser aula particular. Obrigatoriamente com uma boa e inteligente professora. Desejavelmente bonita. De preferência sensível e paciente. A tal ponto de não se perturbar com alguma recaída minha, algum discurso contra Bush, MacCain e até Obama. Ôpa! Que nessa hora tenha sangue frio para acalmar minha sanha anti-imperialista. E... pés bonitos também, porque afinal ninguém é de ferro!
Mas aí vencida a barreira da língua, restaria a bolha... a bolha imobiliária. Você escutou o barulho? O estouro dela não a atingiu, né? E as "quebras" no sistema financeiro. O estrago do sub-prime. A inflação norte-americana. O mau humor de Wall Street. O sobe desce do Dow Jones. E a taxa de juros crescentes do Federal Reserve. Vivo num país de economia estável, será que me acostumaria com essas crises?
Mas enfim e o fuso horário? Não, não haverá problemas. As palavras venceram a longitude.
NOTA DE RODAPÉ: texto rabiscado no inicio da crise de 2008.
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