Minha avó, dona Genoveva, dizia que “quando a cabeça (juízo) não ajuda as pernas que sofrem”. Só que às vezes a cabeça também padece. Do meio do ano passado para cá passei a ter frequentes e cada vez mais fortes dores de cabeça. Quando finalmente resolvi ir ao médico, ele diagnosticou como enxaqueca. Segundo ele, a insônia crônica seria um dos seus gatilhos.
Depois de muitos remédios e pouco resultado, o médico pediu uma ressonância magnética do crânio e da cervical. Só achei que faltou das pernas… Enfim feito o exame, uma surpresa. Tinha um tumor entre primeira e segunda vértebra, na ligação da cabeça à coluna cervical. Bom estava explicado, um parafuso a menos e um tumor demais. Fui encaminhado a um neurocirurgião. Só o título já dava “frio na espinha” ou vertebras...
Por indicação fui ao hospital anexo à Santa Casa de Sampa. Médico e hospital atendiam meu convênio. Pesquisei currículo, 70 anos de idade, professor e doutor pela Santa Casa. A consulta, dia 18.12.2024, foi tensa. Mas tudo bem, os cirurgiões são frios, como exige a especialidade e então relevei. Mesmo quando ele disse, secamente, o que eu estava esperando para operar? Ficar paraplégico? pois, segundo ele, o tumor estava “colado” na medula óssea. Ou morrer de falta de ar? pois o tal de bulbo poderia ser afetado pelo tumor! Falei que não estava esperando nada para operar, estava ali para isso. E ele “decretou” que teria que ser já no começo de janeiro. Como refresco ganhei a informação de que 90% desses tumores são benignos.
Usei contatos no Banco do Brasil, sindicato e o gerente regional do meu convênio conseguiu em tempo recorde a autorização. A cirurgia foi marcada para o dia 24.01.2025. Fui informado que o procedimento estava autorizado e que apenas o consultor médico do convênio, estava tentando um contato com o neurocirurgião, e que isso era praxe, para esclarecer alguns pontos de uma extensa lista de 35 materiais que ele tinha solicitado. Tinha broca, mandril e parafuso. Creio eu que ele gostaria de colocar o que estava faltando.
Cheguei a ir pessoalmente ao hospital Santa Izabel, falei na recepção, internação e ouvidoria. Expliquei que o convênio não tinha resposta e que, por favor, me fornecessem o celular do médico, aquele catedrático que tinha dito que a cirurgia era grave e urgente. O máximo que consegui foi a informação da ouvidoria do nosocômio de que “o ““profissional”” teria afirmado que não daria qualquer explicação para o convênio e que só operaria nas condições exigidas por ele”.
Diante da negativa do médico, em apenas conversar, o convênio teve que cancelar na véspera da cirurgia, dia 23.01, a autorização. Porém, tive a promessa do gerente regional da Cassi (convênio) de transferir a autorização para o médico e hospital que eu indicasse, conveniados, é claro!
Longa a história, né meus pacientes leitores? E creiam é uma sinopse da saga, a que me levou de volta ao hospital Nove de Julho. Aquele no qual, em 2021, eu tinha nascido de novo depois de 40 dias internado, 30 dias na UTI, sendo 17 entubado. Tudo isso pela negação da vacina contra covid pelo genocida.
Na consulta no “9J” com o jovem neurocirurgião de 34 anos, que me havia sido sugerido, me senti à vontade para perguntar o que causava aquele tumor. Ele respondeu que era uma “aleatoriedade celular” que podia ocorrer com uma criança ou qualquer pessoa.
Finalmente, realizada a cirurgia em fevereiro, noticiei a alguns amigos. Mandei junto uma foto do pós cirúrgico via whatsapp. Aliás recuperação bem punk, de novo! Mas enfim, como resposta de um deles recebi o seguinte comentário do zombeteiro Zé Reinaldo, “Vivas meu camarada, que bela notícia que tudo deu certo na cirurgia, você tá “bonitão” parecendo o Frankenstein”. Pronto, zombeteirismo conectado!
Sim o Frankenstein do Brás não o de Nápoles, teimoso e irrequieto, havia nascido pela terceira vez pelas mãos de meia dúzia de jovens neurocirurgiões, num “parto”, de mais sete horas, comandado pelo Dr Thales Bhering Nepomuceno, que nas horas vagas toca, ao piano, “Valsinha” de Chico Buarque. Tudo a ver né, meu Mestre?