sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Catarse (ou o transbordo na ponta do lápis)

Se os versos são roteiros pelo destino rabiscados
ora... sem dramas,
são os pesadelos apenas sonhos,
ainda, mal traçados...

Se o menino por medo ou necessidade
se imaginou super herói
pra vencer tanta dificuldade
o homem fez desta presunção
sua realidade...

Se o retrospecto de batalhas
de lutas e superação rende medalhas
o passado faz nos imaginar que seja o presente no futuro
ainda que o breu da noite torne, hoje, tudo tão escuro

Mas nem sempre a vida se repete
porém ainda que não seja permanentemente assim
um espelho que infinitamente o pretérito reflete
resta a certeza de que até os "super heróis" também sonham enfim...

Moinhos de vento (ou 17 dias de UTI)

Se estranho não fosse
ainda assim incompreensível seria
conviver com a razão
guiado pela poesia

No meio da rua eu paro
ando... em silêncio reparo
como fazem pra não sofrer
pelo simples e previsível
pelo qual o trovador possa padecer

Adestrado por necessidade
a ser racional e ativo resolvedor
de obstáculos concretos de difícil remoção
de problemas que a qualquer um atormenta
com justificativa e razão

Aí divago em pensamento
como o tão óbvio que enxergam
parece incrível eu não ver
que mover moinhos de vento
é mais difícil que só seus ares sorver …


quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Natureza viva

Parede de pedra
topo de árvore
trecho de rio
pedaço de céu

De frente pro mato
recorte de vida,
o Sol invade...
pela porta ou janela
afugenta o breu da sala
com sua luz amarela

Pelo Criador e criatura
a esperança renasce
desvanece a dor
pois natureza
é amor...

O tempo e sua obra, com licença poética...

Os relógios diferem as horas, 
mais que ora bolas
é o tempo senão o divisor
entre a efêmera banalidade,
que se curva às horas,
e a imortal genialidade
resistente a cada pôr do sol
por qualidade e gene
que separa a obra em obscura e perene.

A futilidade o tempo leva
no dia a dia de modo fugaz
mas o que fica o tempo trás
como a arte que a pedra marca
e que o ocaso, noite após noite, não descarta.

Lunático

Entre arranha céus de concreto
exuberantemente intrometida, ah a lua...
das lentes e da poesia
é linda e abstrata
concreta para a astronomia
sentimento pra quem a
retrata...

sábado, 26 de junho de 2021

Cosmopolita paixão

A brisa que vem do mar
a onda que lambe a areia
a magia morena da praia
mítica como a sereia

O mato e as montanhas
a trilha de mata rasteira
a natureza e suas entranhas
sem cercas nem fronteira

Mas ora... estranho é o fascínio da metrópole pulsante
miscigenada em todos
cantos
com arte e beleza em ferro
e concreto
com seus caminhos, descaminhos, poesias e encantos...

Leite condensado, alfafa, chiclete e o auxílio emergencial

“Com quase R$ 2 bilhões, lista de compra de Bolsonaro tem de alfafa a chiclete” ACidadeON/São Carlos. Se a manchete da mídia são-carlense causa estupefação pelos valores não deveria ser assim em relação ao consumo de alfafa e chicletes. Pois se viver não é preciso, para Pessoa, ruminar é preciso, para o gado.

Enquanto o caçador de jacaré e sua trupe seguem na saga anti-vacina, um dos seus quadros, o “queridinho do mercado”, afirma que é contra a extensão do auxílio emergencial. Isso atende o deus mercado e o diabo do seu chefe. Diz até, o ex dono do BTG, que “aposta na eficácia das vacinas”. Já nesse ponto desatende seu patrão. Enfim, escancara-se que a economia, na visão neoliberal, está mais para biologia e para a tese de seleção natural, de Darwin.

Mas por favor não amaldiçoemos, meus resistentes leitores, a economia! Essa foi apresentada, nos bancos escolares, a este cronista de botequim, como a ciência que “administra recursos escassos para o bem comum”. A perversão de achar que o “comum” é só pensar no “bem” das classes abastadas é uma interpretação de determinada linha econômica. Pontuo isso pois o maior problema é, infelizmente, quando os neoliberais cooptam os neobobos para o lado deles.

Dia desses, li ou reli, porque não é nova, uma frase, que nem quem cunhou, que dizia “nós da esquerda somos odiados, com razão, pela elite, já você, pobre de direita, nos odeia de intrometido”.

Mas voltando a economia, ou falta dela, refutar a emissão de moeda sob a alegação de risco inflacionário, com a atual recessão, estagnação econômica, desemprego, baixo consumo e por aí fora, chega ter requintes de crueldade, que não é preciso ser economista para enxergar. Ainda mais se lembrarmos que, ontem, por essas paragens, teve um “partidinho comunista” que tirou da barriga da miséria 36 milhões de pessoas. Mas foi defenestrado do poder pelas elites e seus tentáculos midiáticos e milicianos, de prata ou de chumbo.

Enfim, a elite, em seus castelos, se mantém protegida e invisível, como a “mão” do mercado que regula a economia, guardada pelo bobo da corte e seus milicianos em troca de deleites condensados.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Espelho d´água

Sensações, lembranças e imagens
tribos, danças, irrequietude e intensidade
pulsa no concreto e respira no verde,
sufoca no asfalto e revive em outras paisagens

Têm todas e a própria identidade
sinto em você refletido
no feio e no bonito, no silêncio e no dito
fria e ardente, grande e íntima cidade

Pra tua diversidade ninguém é estranho
se abandonas nas ruas
proteges na grandiosidade de tuas luas
consolas e afagas com
teu coração sem tamanho

Com virtudes e defeitos
és espelho d´água
reflexos e efeitos
de amores e ódios, de alegrias e mágoas...

A Ford, o portal R7, Manaus e a Venezuela

Certa vez me indagaram como é escrever poesia e crônica. Pois, segundo a perguntadora,  uma dá conta da abstração e a outra do concreto. Disse que é preciso virar a “chavinha”. Coisas de geminiano. Mais ou menos como o Palmeiras para disputar, ao mesmo tempo, a Copa do Brasil, Libertadores e Brasileirão, versões 2020, agora em 2021. Nesse caso torço para que seja brilhante nas três frentes. No deste rabisqueiro só há transbordo, ora do coração ora do fígado! Sendo assim...

No Brasil desde 1919, a Ford anunciou, agora em janeiro, o final da produção de veículos aqui. É óbvio que colocar só na conta do Bozo a saída da montadora seria leviandade. Mas o malabarismo que o tal de portal R7, fez, em matéria, para tentar isentar o governo não deixa dúvidas de que o Planalto Central, ou pântano geral, teve grande responsabilidade no fim desse casamento de 102 anos.

Senão vejamos, o R7 é controlado pelo Grupo Record, que abocanhou as verbas publicitárias governamentais da concorrente, a mãe do antipetismo que ajudou a eleger o Messias, hoje aliado da Rede Evangélica, ops Record. Confuso? Se é para vocês imaginem para a Vênus platinada que tenta, agora, desmoralizar o monstro que criou. A Globo teve mais êxito quando mentiu do que hoje que diz a verdade. Coisas de terras brasilis.

Assim como a criminosa gestão da pandemia da covid. A tal ponto de hoje por falta de oxigênio nos hospitais de Manaus o governo amazonense tentar importá-lo da Venezuela. A situação é tão dramática quanto irônica. A Venezuela ter socorrer o Amazonas com o oxigênio. E no Brasil inteiro ainda faltam vacina, seringas, agulhas e sobram cloroquina e ozônio no reto. Mas quem patrocina queimada na Amazônia não deve se preocupar com falta de H 2 O.

Diante de tudo isso só consigo ter uma recordação. Sexta, 2018, mais de 20 h, véspera do segundo turno, tentava eu resolver um “pepino” financeiro dum “freguês” do banco enquanto na mesa ao lado um grupo tentava convencer o "chefe" a votar no professor e não no capitão. Do alto de seu trono, o comandante bradou que votaria no capitão para “dar um recado às esquerdas”! Hoje seria: “sou cúmplice do genocida...”