quarta-feira, 25 de março de 2020

O Retiro, os arrependidos e o retirado

Dia desses, num artigo da ÉPOCA/GLOBO intitulado “Jair Bacamarte precisa se recolher ou ser recolhido a um sanatório”, o articulista traçou interessante paralelo entre o caso do presidente da república brasilis, sr. Bozo Bacamarte, e o personagem fictício, o médico Simão Bacamarte, da obra “O Alienista” do genial Machado de Assis.

Só a título de recordação, Simão Bacamarte, na obra de Machado, recolheu a seu asilo de loucos, a Casa Verde, quatro quintos da população da cidade de Itaguaí. Como ninguém tinha uma personalidade perfeita, exceto ele próprio, o alienista conclui ser o único anormal e decidiu se trancar sozinho na Casa Verde para o resto de sua vida. Quem sabe, Amém!

Analogias e desejos à parte, a grande mídia é bem vinda ao barco chamado “nós avisamos”. Proliferam, agora, editoriais, artigos e posicionamentos anti bozo na grande imprensa. Chegam até a suspeitar que o mito é um golpista incompetente e lunático. Olhem só, que perspicácia!

Só de se estranhar que nos primeiros quinze meses do governo Bozo, até aqui portanto, enquanto se confiscavam direitos dos trabalhadores, aposentados e outros cidadãos do andar de baixo, perseguiam-se e, em alguns casos, até assassinavam-se, negros pobres, gays, feministas, comunistas e “esquerdopatas” em geral ouviu-se um ensurdecedor silêncio por parte dessa mesma mídia. Para não se falar numa ostensiva aprovação.

Mas parece que o terrível Coronavírus é democrático, não olha nem credo, nem classe social. Além disso, a peste é reveladora. A tal ponto de mostrar para a direita e seus porta vozes que escolheram o fantoche errado para representá-los, ou melhor, para distrair o povo enquanto a elite ia concentrando seu rico e saudável dinheirinho.

Agora que a bolsa de valores, o dólar e outros fetiches do deus mercado sentiram, na pele e no bolso, o destempero do nosso Bacamarte ficamos todos do mesmo lado, o do fora Bozo!
Para a saúde e o bem de toda Nação. Perfeito! Se não se deixar de entender que se trata de aliança de ocasião.

Lá na frente, quando as eleições e a verdade chegarem, a direita e seus porta vozes virão com seus novos Alckmins, Serras e Aécio, os Hucks, Moros, Dorias e congêneres, na esperança de que esses façam o “trabalho” com mais discrição e competência. Já a esquerda e o povo, espera-se de olhos abertos, irá com o Bruxo. Afinal, o garanhuense vai chegar até os 120 anos!

quarta-feira, 18 de março de 2020

A Pandemia, o pandemônio e seus panacas

Dia 15 de março 2020. Domingo. Aniversário da Carolina Giulia Iponema Gallucci. Isso para este errante escriba já bastaria. Mas por ela, pelo irmão dela, por todos os filhos, mães, pais, parentes, amigos, conhecidos e desconhecidos do mundo era um domingo diferente. De retiro. De introspeção e reflexões. Menos para “quatro dúzias e meia” de patriotas cidadãos de bem brasileiros. Defensores do AI5 foram às ruas regidos pelo Capitão Corona e seus vírus ambulantes.

Só para recordar o Ato Institucional número 5 foi assinado em 13 de dezembro de 1968, no auge da ditadura militar brasileira. Entre outras coisas permitia ao presidente da república a retirada de mandatos parlamentares, intervenções em estados e munícipios e suspensão de quaisquer garantias constitucionais, inclusive a de manifestações públicas como aquela daquele domingo.

Os intrépidos manifestantes de 15 de março vociferavam contra o Congresso Nacional, contra o Supremo Tribunal, contra o Comunismo, contra o Feminismo, contra a China, contra Cuba, contra a Venezuela, contra o PT, este não pode faltar!, e apenas e tão somente a favor do Mito e de seu miliciano Estado mínimo. O que em economia chama-se neoliberalismo cinco entre quatro daqueles “manifesteiros” nem têm ideia do que realmente significa e representa.

Infelizmente, a covid 19 veio, didaticamente, esclarecer o quanto o tal estado mínimo, no caso leia-se sem SUS, é um tiro no pé, ou um vírus no corpo, do cidadão comum, de todo um povo que precisa de atendimento médico rápido, simultâneo e ao alcance de todos ($$).

Veio, ainda, mostrar, de forma perversa, que a tal da festejada inciativa privada faz vistas grossas ao interesse coletivo. E que as bolsas de valores, filhas diletas do deus mercado, ficam de mau humor por se preocuparem mais com o dinheiro do capitalista do que com a vida do cidadão comum.

Mas talvez, quem sabe um dia, numa dessas Cubas comunista da vida (e não da morte!), um mais médico perdido ou um desses cientistas barbudos descubram a vacina contra o vírus corona, quem sabe até... contra a estupidez crônica!