domingo, 27 de setembro de 2015

DO FIM PRO COMEÇO

                       

Benjamin Button mental. O corpo segue o ciclo natural, mas a mente, renitente, tem curso “anormal”.

Nasce com alzeimer, sem registros da fase oral. Memórias de tombos e de pesadelos de noite e de dia. Infância furtada. Sem fantasia.

Depois os sofás, ora aqui ora ali. Já conseguia sonhar!  Mas ainda constrito, sem chances de errar.

Cresce logo, para ganhar dinheiro. Sem tempo de se formar engenheiro vira vassalo de banqueiro. Atalho ao poder e às atenções.  Revide ao destino pelo sufoco e humilhações.

Adultece em quixotescas ou comezinhas batalhas. Mas começa a virar criança, indultado pelas medalhas. Se dá às fantasias. Desajeitado com elas, se entrega sem distinguir realidades e utopias.  Descobre, no amor e na dor, suas idiossincrasias.

Envelhece com alma de criança travessa. Ou de poeta, que vive seu tempo de forma avessa. Do fim pro começo. Como se sonhasse com um novo recomeço.   

 





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