Benjamin
Button mental. O corpo segue o ciclo natural, mas a mente, renitente, tem curso
“anormal”.
Nasce com
alzeimer, sem registros da fase oral. Memórias de tombos e de pesadelos de
noite e de dia. Infância furtada. Sem fantasia.
Depois os sofás,
ora aqui ora ali. Já conseguia sonhar! Mas ainda constrito, sem chances de errar.
Cresce logo,
para ganhar dinheiro. Sem tempo de se formar engenheiro vira vassalo de
banqueiro. Atalho ao poder e às atenções. Revide ao destino pelo sufoco e humilhações.
Adultece em
quixotescas ou comezinhas batalhas. Mas começa a virar criança, indultado pelas
medalhas. Se dá às fantasias. Desajeitado com elas, se entrega sem distinguir
realidades e utopias. Descobre, no amor
e na dor, suas idiossincrasias.
Envelhece
com alma de criança travessa. Ou de poeta, que vive seu tempo de forma avessa.
Do fim pro começo. Como se sonhasse com um novo recomeço.