O
meu tio Antônio e sua velha Kombi me apresentaram àquela que viria a ser uma
das primeiras paixões da minha vida. Com menos de 10 anos, empoleirado no banco traseiro da simpática “perua”, a Kombi,
eu era levado, junto com mais uns dez
amigos do meu tio, ao santuário do Palestra Itália.
Lá
fui convertido a uma religião chamada futebol. Os fiéis assistiam à “cerimônia”
entoando hinos, gritando, xingando e dançando como crianças. No gramado, em que
a luta os aguardava: Leão, Eurico, Luiz Pereira, Alfredo, Dudu, Ademir da Guia,
Leivinha, César “Maluco” e Ney. Era um tal de Palmeiras!!!
Eu
deslumbrado tentava repetir na “pelada” de rua as jogadas que assistia no
campo. Porém, como peguei no batente logo cedo, tive que trocar a bola pela
sola, do meu sapato. Virei “office-boy”. Meus jovens leitores, “office-boy”
era uma espécie de “moto-boy” sem a moto. De busão, mesmo!
Segundo
Ato - Anos 80
Com
o perdão da má palavra, sempre fui um sujeito politizado. Idealista e
romântico, ainda jovem me interessei por política e sociologia. Aquilo me
fascinava, um “Quixote” entre textos e idéias revolucionárias. Tem louco e
gosto pra tudo!!
Lia
os cadernos de política e economia dos jornais e revistas. O País “tentava”
sair da ditadura militar e o material era farto. O engajamento político e
social produzia obras-primas na música e nas artes em geral, ainda está por aí
um tal de Francisco Buarque de Holanda que não me deixa mentir.
Cláudio
Abramo, Mino Carta, Zuenir Ventura, Carlos Heitor Cony, Clovis Rossi, Nirlando
Beirão e suas crônicas políticas deleitavam este então jovem leitor. E aí
vieram os comícios, passeatas, assembléias, greves, manifestações, protestos, atos
públicos. E também alguns privados! Afinal, havia interessantes “companheiras”
nesses movimentos...
Algumas
dessas companheiras de “luta” me acompanharam por outros caminhos. Fiquei, namorei,
casei e me separei algumas vezes, poucas muito poucas vezes. Mas sou um cara de
sorte, sempre tive companheiras maravilhosas. Se alguma coisa deu errado, a
“culpa” foi sempre minha.
Terceiro
Ato - 2012
Hoje
às vésperas de uma eleição que traz o PT e Paulo Maluf do mesmo lado, o Serra e
o PSDB como “salvação” para um cidade em
cujo estado estão no poder há 20 anos e um manorusso como “novidade”, tento manter
minhas convicções de que em política precisamos sempre nos posicionar, nem que
seja para escolher o menos ruim.
E
as greves? Sem questionar a justeza de suas reivindicações, parecem
descaracterizadas. Das atuais, uma delas, por
exemplo, deixa aluno quatro meses sem aulas e professor em casa
assistindo televisão, a outra tem uma adesão de menos de 10% e é considerada
“forte”. Parece que esse legítimo instrumento
de pressão, para ser usado de forma criteriosa, democrática e participativa, virou
um festivo período de férias remuneradas.
Já
no futebol transformaram o meu Palmeiras numa Portuguesa com grande torcida.
Este ano depois de ganhar um título estamos “ladeira abaixo” rumo à segunda
divisão! Mais do que minhas convicções, neste caso, eu procuro manter minhas
esperanças de que isto não vá acontecer.
Minhas
atuais “companheiras” de luta? Ah.. aí meus
caros e pacientes leitores me desculpem mas esta crônica já está muito longa!!!!
Caro Galucci: está difícil tomar parte na política. Creio que deveríamos seguir o exemplo de um dos livros do Saramago no qual, num país imaginário, a populacão anulou o voto em massa. Aí na Capital, de fato, não havia ninguém prá escolher. Precisamos reconstruir a política, fazer parte dela, não permitir que ao cidadão seja reservado apenas o direito de votar. Quanto ao glorioso Verdão...só um milagre!
ResponderExcluirMarcão, continuo acreditando que em política não dá pra jogar a toalha. Temos que sempre "trazer" pra nós a decisão. E qualificar esse nós (povo) pra saber separar o joio do trigo. Só a cobrança, acompanhamento e vigilância constante vai deixar político mais cuidadoso. E não falo em vigilância, tipo revista Veja, patrulhamento inviezado e partidário. Grande abraço meu velho.
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