sexta-feira, 27 de abril de 2012

PÉS DELEITE

Esguia atravessa a avenida até alcançar o meio fio
passa e provoca um estranho arrepio
desfila de sandália e vestido preto... batom vermelho
da cabeça aos pés, agora refletida no espelho


Atento eu tento seguir o seu passo 
erro, acerto e erro de novo o compasso
enquanto ela desenha o caminho num traço
fugidia e misteriosa se perde no espaço 

Dedos, unhas, dorso e sola
delicados pés de perfeita simetria 

suaves passos, intensas vibrações
tênues movimentos, fortes sensações

Pés femininos tem suaves curvas e contornos 

Tal qual corpo de mulher despido de adornos
exibidos sem calçado ou manto
pés deleite  prazer e encanto...

O QUE FICA...

Não sei se isso é problema
Mas resta um dilema
Se prosa ou poema
A quem atrai esse tema

No mundo "pós-moderno"
Sem conteúdo, livro ou caderno
Basta um ipad, um iphone e um bom terno
Para mandar Dante pro inferno

Rótulos, padrões, receitas prontas e aparências
superficiais e abarrotadas de inferências,
desprovidas de senso crítico, reflexões e inteligências
tudo tão descartável que logo viram excrecências

São últimas versões e modelos irrestritos
Que dia a dia tornam-se proscritos
Enquanto os hieróglifos na pedra escritos
São eternos como os mitos...

CONTO DE NATAL

No meio daquela noite despertei meio assustado. Ainda estava bem escuro, devia ser três, quatro ou uma hora dessas qualquer da madrugada. Estava suado, a camiseta do "acorda São Paulo" encharcada. Mas apesar do pijama improvisado conclamar a cidade para a vigília, toda ela parecia dormir profundamente. Menos eu.

Caminhei pelo apartamento até a cozinha. No trajeto, tropecei no pé esquerdo do chinelo, que inadvertidamente estava divorciado do seu par. Por certo aprendeu com o dono. Mas segui meu passo. No escuro, divorciado e descalço. Virei à esquerda e cheguei... Na cozinha!


Ao acender a luz, tive a grande surpresa. Um senhor de idade, baixo e gordinho, acomodava-se precariamente no banquinho que ficava ao lado da mesinha "serve pra tudo" que ornamentava minha kitchen. O velhinho usava uma roupa esquisita. Era toda verde, de cetim, larga, com detalhes em branco na gola, mangas e capuz. Tinha cinto e botas pretas. Bingo. Era Papai Noel. O meu Papai Noel esmeraldino!


Meio sem jeito, ali de pé, de zorba e com a supra-citada camiseta, puxei uma conversa. Logo percebi que crise financeira, subprime, mercado de capitais e conjuntura macroeconômica não eram seus assuntos prediletos. Achei melhor não perguntar quem era a bela ragazza que estava de pé ao seu lado, segurando um grande saco verde, aquela altura já completamente vazio.


Só quis saber se ele tinha "passado" na Lacerda Franco, deixado o "presentinho" dos meus dois bambinos. Afinal de contas, eu trabalho duro, pago pensão, escola e vale-alimentação e meus pimpolhos não podem ficar sem suas lembrançinhas de Natal. Ele respondeu que sim e me deixou exultante ao me dizer que eu era um bom pai.


Voltei pra cama e adormeci. De manhã acordei e corri pra cozinha. Nenhum vestígio. Absolutamente nada. Dei meia volta, cruzei a sala, o corredor, pensando no sonho que tive. Ainda reflexivo e distraído, percebi os dois pés de chinelo lado a lado ao pé da cama.




terça-feira, 24 de abril de 2012

CARU

Pois é, sem ora nem pois
você faz vinte e dois
de mansinho, ao seu estilo
com jeito e com burilo

Afinal é essa a sua graça
Seu DNA e a sua raça
Não precisa de estardalhaço
Pra ganhar o seu espaço

Você brilha por si só
Meu amor, meu xodó
Linda, adorada e graciosa
Em Sampa ou em Viçosa.






Confesso, demorei um bocado de tempo para escrever algo para esse digníssimo blog. Talvez porque não sabia o que escrever, ou porque não tenho tamanha habilidade com as palavras. Enfim, acho que foram os dois, por isso mesmo posso ser um tanto breve no meu escrito.  

Não faz muito tempo que descobri esse seu talento. Talvez já devesse imaginar, pois você sempre foi um homem sabedor, tendo resposta para grande parte das perguntas que eu fazia, mas fui surpreendido quando vi seus primeiros textos, principalmente os poemas. Queria eu ter esse talento, essa destreza em lidar com palavras e versos, admiro muito quem tem essa capacidade. Futuramente temos que publicá-las, pois todo mundo deveria conhecer essas composições.

Beijos de seu filho.


Xan







Oi Pai,


Finalmente tomei vergonha na cara de fazer um blog mas do que merecido para seus escritos! Sei que você deu uma parada nos seus trabalhos artísticos mas espero que esse blog te incentive a retomar esse dom. Não se preocupe, se você desejar te ensino a mexer em tudo e postar os textos, tudo que está nele pode ser alterado, letra, cor, fundo, frases, nome...é só o começo de um grande projeto! Te amo muito pai, da sua maior fã!


Caru





"Se essa tal felicidade
tivesse carteira de identidade
a foto estampada no documento
seria a de algo como esse momento"


"Meu menino, meu guerreiro
Meu amado companheiro
Luta com as armas do coração
Paciência, amor e determinação"




Textos escritos pelo melhor pai do mundo e futuro escritor famoso!