quinta-feira, 28 de abril de 2022

Transbordos, orgasmos e partos

Neste mês de abril o blog "Crônicas, poesias e outras baboseiras...! completa 10 anos. Eu tinha feito um pequeno post informativo para tratar o assunto. Meia dúzia de linhas. Curto e grosso. 

Antes de publicá-lo mostrei o para uma amiga virtual. Baiana arretada, colega do banco e especialista em marketing e divulgação. Ela, que me conhece através dos meus rabiscos, foi cirúrgica.

 Disse que "ficou parecendo folheto de sinal. Que faltava leveza e humor. E que não estava à altura da minha inteligência, talento e criatividade". Morde e assopra rs 

Ainda argumentei que não era uma crônica e sim um postzinho. Mas parei e pensei. Quase sempre aceito feedbacks. Ou às vezes? Raramente? Tá bom dessa vez aceitei! 

O blog, o tal aniversariante, nasceu em abril de 2012. Sob o signo de áries, ascendente em gêmeos e lua na casa... da mãe Joana. Foi parido para registrar e "guardar" os devaneios de um bancário, metido a poeta e cronista.

Antes disso muita coisa tinha se perdido em folhas de caderno, de blocos de anotações, papel com pauta, ou de improviso mesmo e, até, em arquivos dos PC's da vida. 

O blog conta atualmente com 128 publicações. Ele é, com os seus 69 primeiros rabiscos, pai dos livros "La vitta scritta in versi" e "La vitta scritta in prosa ". 

Enfim rabiscar para mim é um transbordo, catarse. Um orgasmo. E assim esses 69 foram só preliminares. Já este ano o terceiro filho, ops livro, vem ai...

Os três pês, a elite e a turma do andar de baixo

No Brasil a “lei é para todos”: pobres, pretos e putas. Esta era afirmação corrente nos anos 80 do século passado dita por críticos sociais. No próprio meio jurídico, conforme cita matéria do https://diariodoengenho.com.br de 25.06.2018, figuras como o promotor de justiça e professor de Direito Penal na UNIMEP, o Dr. José Ribeiro Borges, em Semana Jurídica promovida pelo Curso de Direito, causou grande surpresa ao dizer que no Brasil, infelizmente, a cadeia era ainda destinada e caracterizada pelos “três pês”. Ou seja: para os pobres, pretos e putas.

Respeitados o conhecimento e saber jurídico dos mestres da área e de outros críticos sociais que criaram essa triste e verdadeira afirmação, este impertinente cronista de botequim tomará a ousada liberdade de fazer duas ressalvas a essa brilhante tese, incluiria um quarto P de petistas neste grupo e faria a observação de que as putas alvo das garras da lei seriam as pobres, as valentes trabalhadoras.

Essa perversa realidade mostra a falta de políticas publicas democráticas de inclusão social. Ah está faltando políticas públicas? Mas e o Lula? E o PT? Sim, amável e fiel gado, foi nos governos do PT e do LULA que tais políticas foram mais prioritariamente implementadas. Há até um certo número que qualquer brasileiro ainda que desavisado já deve ter ouvido falar, 40 milhões de compatriotas nossos saíram da linha da miséria absoluta durante os governos do PT.

O drama fica ainda maior se notarmos que a maioria da população pobre é preta, o que potencializa o efeito nefasto desta realidade. E aí os pretos que rompem essa barreira da pobreza e conseguem fazer sucesso em suas carreiras ou áreas de atuação são vistos com “nariz torto” pela elite de supremacia branca. Edson Arantes do Nascimento, muito mais do que pela sua genialidade futebolística conquistou a elite com a sua subserviência e “doçura”. Como diziam os antigos, ainda antes do advento da lei racial, “era um preto de alma branca”. Até escrever isso dá náuseas.

Por outro lado, hoje zapeando os noticiários soube da 13ª colocação de Lewis Hamilton no GP de Ímola, inexplicável para a equipe Mercedes que reinou absoluta nos últimos anos na Fórmula 1 e para o piloto que o ano retrasado conquistou o heptacampeonato da categoria. Sem querer esmiuçar as teses de desenvolvimento das equipes, uma vez que a F1 é um “esporte” que o fator determinante para a vitória é a máquina. Senão vejamos Schumacker, Senna, Prost, Piquet, Emerson, Stwart, o próprio Hamilton qual grande campeão assim o foi guiando numa escuderia que não fosse de ponta?


Mas o que me causou espanto eram os comentários interativos dos leitores das matérias, alguns questionando o talento do piloto britânico, em contrapartida muitos o defendiam, mas havia um outro grupo que chegava a desmerecer Hamilton, de forma rude, pejorativa e até raivosa. Ai bingo! Independente das qualidades do piloto, que na modesta opinião deste rabisqueiro está entre os melhores de todos os tempos, o problema de Lewis é ser preto num esporte caro dominado por brancos, que preferem os olhos claros dos pilotos nórdicos. 

E, ao contrário do rei Pelé e do sub príncipe Neymar, Lewis compra brigas dos pretos, escancara as injustiças sociais, protesta nos suntuosos autódromos contra a violência racial e isso mais do que sua habilidade ou não de pilotar parece “incomodar” a elite branca, perfeitamente representada na milionária Fórmula 1.