sábado, 24 de outubro de 2020

Simples e inexplicável

É na chuva
vida louca
que se banha a morenice
lava alma
vida pouca
que te leva a meninice

Brincadeira de criança
roupa velha
pés descalços
olhos tristes
mas sorriso
de quem não perde a esperança

Se o amor não se explica
e a razão não se entende
coração justifica
que amar é tão nobre
como a teimosa alegria
de menina pobre

segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Moóca

A Moóca, sim bello!
de chuvas e trovoadas
sonho dos ítalos do Brás, “tutti” pés de chinelo 
a Moóca, sim, do Juventus e boas macarronadas

A Moóca, do vinho e das pizzarias
com sotaque de tarantela 
grená, da cor do moleque travesso
da italianinha tão bela 
que vira cabeça do avesso

A Moóca, da São Pedro e da São Judas 
da elegante Paes de Barros 
não Jardins nem avenida Paulista, da rica italianada
mas meca sim, a Moóca, da “porzione” remediada

A Moóca, do longo viaduto 
que a liga ou separa do Brás 
atropela o desatino do bêbado errante 
mas não mata seu sonho 
pois esse não morre jamais!

terça-feira, 6 de outubro de 2020

Águas e cores de Aquarela

As gotas que sorves com traquina resistência
gole a gole numa corajosa insistência
quem diria... És de ti a metáfora perfeita
da deslumbrante beleza que se enjeita
pois ti de vulgaridade não se enfeita

Aqui mesmo não longe mas de fora
mergulho em ti, mas sei que a dor é tua
vivo, compartilho, choro por ela, aí onde mora
no gueto, silenciosa, despercebida no meio da rua

Só que isso não impede que tua luta seja também tão minha
pois aqui de tão junto sinto você à flor da pele
e não há o que me cale ou esfacele
retratos, fotos, desenhos, traços de criança
eu te amo, minha esperança...