O escritor e poeta, Ariano Suassuna, em uma de suas palestras, conta, ao seu modo, simples, genial e delicioso, a história dum jantar a que foi convidado em razão de sua premiação para a Academia Brasileira de Letras. A certa altura, diz o poeta paraibano, a dona da casa pergunta a ele se já havia ido a Disney.
Para surpresa da anfitriã, respondeu Ariano que não tinha ido a Disneylândia, sim pois Disney é para os íntimos! Narra, ainda, que sentiu entre os presentes a nítida sensação de que os imortais tinham escolhido o mortal errado para a ABL. “Aquela senhora parecia dividir a humanidade entre os que conhecem e os que não conhecem a Disney” falou Suassuna, de forma reflexiva e divertida.
Recentemente, o CEO, presidente para os simples mortais, de um grande banco privado do País disse que espera que o coronavírus não afete a economia. Parece que o Sr. Fulano di Tau espera que o tal vírus não atrapalhe os lucros do seu negócio. Aliás naquela casa bancária até se a(o) sujeita(o) não for branca(o) e cidadã(ão) de bem terá problemas para “sacar” seu próprio dinheirinho.
E por falar em banqueiro e mercado, seu representante no governo, cunhou “dólar alto é bom pois empregada doméstica estava indo para Disney, uma festa danada”. Para justificar de forma acrobática a pretensa vantagem da sobrevalorização da moeda norte americana, a da terra da Disney!
Mas afinal qual a correlação entre o pensamento dos anfitriões de Ariano Suassuna, a preocupação do banqueiro e a tese preconceituosa e estapafúrdia do ministro da economia de turno? Simples a economia! Mais propriamente a linha ora adotada, o neoliberalismo. Na qual o desenvolvimento serve para o rico ficar mais rico e o pobre mais pobre. Sem direito à Disney, é claro!!
Enquanto isso por aqui o bobo da corte e a corte de bobos, distraem a nação tupiniquim, enquanto a elite local, guardada por seus milicianos de plantão, acumula seus tesouros e seus castelos. E aí a classe média, que colocou o pais nessa encruzilhada, diz que a saída para o Brasil é o aeroporto. Visão de quem acha que o sonho além fronteiras não é para qualquer um. Enfim salve se quem puder, é o lema deles!
Mas pela escalada da moeda americana creio que nem a classe remediada conseguirá visitar o Pateta, pelo menos o de lá...