Curto o mundo virtual. Se tivesse tempo até passaria o dia rabiscando por essas paragens aparentes. Ou pelo menos toda a madrugada, como é o caso agora. Só acho, porém, que ele, o universo latente, não basta em si mesmo. Haja vista que não resolve as mazelas da vida real nem esgota os prazeres da mulher e do homem, seja qual for o gosto e preferências.
Desde amizades até sexo virtual, a rede embala desabafos familiares e frustações amorosas, generosidades ou maledicências de todas as naturezas, exibe feiuras coladas e descoladas belezas. Receita remédios para toda doença e doente, viraliza operações de apêndice e até tratamento de dente.
Mas vamos lá, se o mundo virtual bastasse, qualquer incompetente, medíocre e mal eleito presidente governaria um país por twitter, qualquer Carlixo da vida seria um imortal da Academia Brasileira de Letras e qualquer fazedor de hambúrguer do papai viraria embaixador, via internet. Ah que saudade do concreto chão de fábrica do Inácio, dos livros do Machado e da diplomacia do Moraes! Flip neles!
E por falar em campo político, canhoto de coração constato que parte da esquerda, nossa cota do gado, glamouriza mais as más escritas bravatas pueris de militante virtual do que o trabalho de socióloga nordestina no mundo real. Claro que toda consciência é bem-vinda, útil e necessária, mas o partido dos Trabalhadores e sua maior estrela foram paridos e cresceram na luta sindical, nas empresas, nas ruas e nas terras, nestas justamente por quem está sem elas.
Por isso, rodado combatente ainda acho mais prazeroso sexo na cama, no chão, na praia ou na grama do que na rede, a menos que essa seja a de balanço, e mais resolutiva e eficaz revolução na rua e no campo, ainda que, neste caso, à beira da piscina da casagrande seja mais divertido.