Tenho certa resistência em embarcar nessas campanhas de ocasião com viés de divulgação comercial. Mas alguns assuntos são tão relevantes e fundamentais que se sobrepõem a interesses menores de qualquer outra natureza.
Enfim, conforme asseverou Fernando, o Pessoa, “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. Creio que esse seja o caso da campanha de prevenção do câncer de mama. “Outubro Rosa”.
Também tenho prevenção com ditados, dogmas, rótulos e frases prontas. Acho pouco criativos, massificados e bitolados. Porém, a maturidade me ensinou a, pelo menos, respeitar a sabedoria popular. Senão, vejamos essa experiência da vida. Sexta-feira, por volta do meio-dia, 05 de agosto de 2005, Hospital A. C. Camargo, em São Paulo (SP). Segurando a minha mão, uma guerreira, sem pintura e sem armas, já inconsciente, me ensinou que o “último suspiro de vida” é muito mais do que uma simples frase retórica.
Durante seis outubros, essa mulher corajosa travou uma luta incansável e sem tréguas contra um inimigo violento e sorrateiro. Defendeu-se à luz do dia de ataques às escuras. Batalhou com garra, mas com muita fé e serenidade, tocada na alma pareceu atingir uma espécie de Nirvana. Paro por aqui! Com certeza mais detalhes nada acrescentarão a essa narrativa. Pois só trago até aqui essa história, com todo o valor e emoção que carrega para mim, para prestar uma homenagem, ou talvez até mais do que isso, um tributo a uma dessas rosas de outubro.
De minha parte sigo em frente aprendendo com elas e por elas. Pois, de mãe para filha, pelo meu caminho passaram, e ainda passam, não só essa, mas também outras rosas de outubro. E assim como uma espécie de escrita ou de sina, a vida se repete e me ensina como podem essas mulheres, “frágeis” meninas, se reinventarem para diante da dor se mostrarem tão femininas.
E por isso, diante de mais uma de outras tantas internações, eu, mesmo que a distância, mas não ausente, mesmo que se não fisicamente presente, mas sempre em coração e mente, quero especialmente falar de uma Rosa desta primavera, da irmã de qualquer estação, que simboliza e traduz, com sua coragem, determinação e luta, todas e cada uma dessas Rosas de Luz.