sábado, 20 de julho de 2013

TRUTAS, SMARTPHONES E CASAMENTOS

Outro dia degustei  uma deliciosa truta na brasa às margens do Paraíba do Sul, em Guararema. Para quem não é de Sampa, cabe esclarecer que Guararema é uma charmosa cidadezinha dista 70 quilômetros da Capital. Joiazinha da próspera região do Vale do Paraíba, muito bem cuidada, exemplarmente limpa e florida. O restaurante, ao ar livre,  é de extremo bom gosto, com um agradável deck à beira rio. Pronto... o guia gastronômico encerra-se por aqui!!

Na mesa ao lado da minha estava um bem jovem e bonito casal, devidamente aliançado, que despertou a atenção e o senso de observação deste cronista de botequim, ou melhor de restaurante!!  Ambos chegaram e de imediato sacaram seus smartphones iniciando assim, cada um deles, uma navegação, solitária e conjunta, pelo mundo digital.  Os olhos verdes da moça  nunca cruzavam, nem de relance, com os olhos sei lá de que cor do  rapaz. Conversa? O silêncio era sepulcral. 

Durante o encontro, não casual, do casal, naquele local, a viagem de ambos pelo mundo virtual só foi interrompida duas vezes, sempre pelo intrometido garçom, na primeira para que os pombinhos high tech’s fizessem o pedido do prato e na segunda para que pudessem pagá-lo.  Fico pensando se não seria uma imperdoável falha da casa o fato de o garçom não portar também o seu smartphone. 

Compartilhei com a minha amiga, e companheira de truta, essa minha observação. E entre um assunto e outro que conversamos durante a nossa refeição, que coisa antiquada né!?, filosofamos um pouco sobre  a influência da banana na vida sexual dos macacos e a do smartphone na dos humanos. É óbvio que no transcorrer de nosso almoço, entre todos os temas discorridos, eu e ela, mais eu do que ela,  recebemos torpedos em nossos smarts. Mas nada que impedisse que eu a perguntasse como vai a vida e ela, pasmem, pudesse responder. E, pasmem ainda mais, vice-versa!! 

Outra característica do lugar, não original mas sempre bem interessante,  eram as duas opções de serviço para o tradicional cafezinho. O nosso produto de exportação poderia ser consumido à mesa de refeição ou em outra área do restaurante em mesinhas especialmente instaladas para esse fim.  Eu e minha companheira de almoço resolvemos “explorar” esse segundo ambiente. 

Lá, na cafelândia, dei de cara com o casal "smartphonico" e, ainda que de soslaio e furtivamente, fui fitado pelos lindos olhos verdes da moça, tempo suficiente para que eu fosse embora divagando sobre o porquê eles, tão verdes e vivos, merecem menos atenção do que a tela touch screen do bibelô cibernético que carrego no bolso.