sexta-feira, 31 de agosto de 2012

PAULISTA

A brisa do mar, o desenho das ondas, o calor do sol, o gosto do sal, a beleza da menina sensual. Praia. Em Floripa, Arraial do Cabo, João Pessoa ou Natal, Barbados, Aruba, aqui ou na América Central. Nada se compara, nada melhor do que praia.

Mas se é pra viver no Planalto é na Paulista que eu prefiro ficar. Peço desculpas aos fãs do centro velho de Sampa. O pátio do Colégio, o mosteiro de São Bento, o viaduto Santa Efigênia, a Catedral da Sé, o vale do Anhangabaú, os prédios do Martinelli, do antigo Banespa, do Correio Central têm lá seu charme mas... a Paulista é a Paulista.

Cosmopolita, moderna, descolada e cultural, com cinemas, teatros, cafés, bares, desde o Paraíso até o Conjunto Nacional. Masp, Casa das Rosas, Instituto Pasteur são alguns vizinhos ilustres dos futuristas arranha-céus comerciais, bancários, radiofônicos, jornalísticos, estudantis, médicos e laboratoriais lá na região com o metro quadrado mais caro da América Latina.

Democrática, por lá desfilam modelos e "cópias", meninas e coroas, engravatados e bermudados, LGBTs, roqueiros e sambistas, boleiros, ciclistas e skatistas, católicos, evangélicos, espíritas e ateus, metalúrgicos, bancários, médicos, enfermeiros e anestesistas. Mestres e alunos, funcionários públicos e privados, palmeirenses e são paulinos, corintianos e santistas. Na correria no dia a dia ou na São Silvestre do último dia.

De calçadas largas, visão ampla e panorâmica. Tem até verde! Nos canteiros, no Trianon e na linha do Metrô. Verde até por ser porta de entrada dos Jardins. Jovem e com saúde de menina, desde o Incor até as Clínicas passando pelo Nove de Julho e o Santa Catarina.

E ainda a Avenida Paulista que tem lá suas feiras de rua, não de legumes, mas de antiguidades, de artes, bijouterias e outras quinquilharias. Isso sem contar os cantores, pregadores, músicos, palhaços, malabaristas e poetas de rua, dos quais um versou:
                               Cidade fria de coração quente
                               Afugenta e atrai o sobrevivente
                               Ardilosa, agitada e impaciente 
                               Seduz e apaixona a gente...
                              
                           

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

XAN

Ainda que não disseste o que viste
Mesmo que alegre ou triste
És solidário e presente
Mostrando o que de fato sentes

Sabes o peso e valor da palavra

Cuida dela como quem da terra lavra
Não a pronuncia de modo a ferir
Silencias quando este é o melhor modo de se agir

Sabes no gesto mostrar o teu querer

Move-se pelo que precisas fazer
Com fé e determinação, lealdade e zêlo
Sabes amar com cuidado e desvelo

terça-feira, 21 de agosto de 2012

A TV E A OSTRA

Hoje, durante a semana, de tarde, de férias, em repouso, resolvi experimentar uma prática comum aos “brasilianos”: assistir televisão.  Antes de falar mais sobre essa experiência, quero destacar que minha TV não  é de LED, plasma ou LCD, muito menos 3D. Trata-se de uma televisão modesta, porém honesta, de segunda mão, mas em bom estado de conservação. Enfim, atende bem as necessidades de uso deste esporádico telespectador.  

Nesta minha incursão televisiva, diurna e de meio de semana, algo me chamou a atenção na programação. A incrível variedade de receitas culinárias que protagonizam as mais diversas “atrações” da rede de televisão aberta. Imagino que os arautos da produção televisiva nacional sabem o que estão fazendo. Creio que o objetivo seja atender a demanda das donas de casas brasileiras. Bonito e familiar isso, hein?

E aí entre um sanguinário e outro desenho animado, sempre aparece um suflêzinho de legumes ou uma torta crocante de brigadeiro. Essa última confeccionada com chocolate meio-amargo. Ou meio-doce, como preferirem. Já mais para a tarde, no horário vespertino os desenhos dão lugar aos programas “jornalísticos”, não menos sanguinários, e prosseguem as receitas de bolos, de doces e de frutos do mar. E é ai que eu queria chegar!

Graças a um molusco fui hoje apresentado à programação diurna da TV verde-amarela. E quando falo em molusco me refiro particularmente a um grupo específico deles, as ostras. Por favor, meus pacientes leitores, não quero fazer qualquer ilação, com outros grupos, como polvo, lula e mexilhão, muitos menos em época de mensalão. Ainda mais eu, bom petista de formação.

Vocês sabiam que a ostra tem uma forma curiosa de se defender. Quando um parasita invade seu corpo, ela libera uma substância chamada madrepérola, que se cristaliza sobre o invasor impedindo-o de se reproduzir. Como não sou parasita muito menos ataquei uma ostra viva não tive um fim tão trágico. Mas como abusei das ostras, ai de mim, terminei na Beneficência no soro com dramim. Plim-plim!!

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

ENCANTADORA

Sua voz recria o espaço
Desalinha cadeiras, mesas e pratos
Suas notas, música e compasso
Redesenham as  caricaturas e os retratos

Desperta a paixão

Desdenha da razão
Desampara e dá alento
Com seu brilho e talento

Olhar oblíquo e distante

Ar tímido e inquietante
Dom, suor e sensibilidade
Tingem de fantasia a realidade

Plebéia e duquesa

Bruxa e princesa
Mocinha e vilã
Serve e come a maça...

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

BABOSEIRAS DE UM INSONE EM FÉRIAS

Ando desconfiado que este blog tenha vontade própria. Ou pelo menos tenha o seu próprio horário. Não sei se o problema é fuso, mau uso,  abuso ou falta de parafuso. O  fato é que sempre que posto algo por aqui, a postagem é registrada com um horário anterior, algumas horas antes do tempo real. Eu não tenho nem o consolo de falar que este blog está à frente de seu tempo, pois o que acontece é justamente o contrário.

Já tentei mudar o horário do computador, fucei nas configurações do “impostador”, até apaguei a luz do corredor, mas o blog está mesmo mais à esquerda de greenwich.  Não tem jeito nem remédio, o horário do dito cujo não “bate” com o do computador, nem com o do relógio de pulso e do celular do escritor, sequer com o da cozinha da vizinha do autor. 

Já pensei em consultar meu staff  de informática acerca do assunto, mas receio que a equipe ande muito ocupada com problemas mais relevantes, como as aulas na USP ou a falta delas nas Universidades Federais. Por isso vou me restringir a apenas notificar a meus pacientes e corajosos leitores que a esta altura já estamos no dia primeiro de agosto de 2012, mais precisamente às 2:05 horas, horário de Brasília. Bom dia a todos!

Hoje inicia meu sabático período de férias. Aliás, por falar em sabático, em geral as pessoas normais iniciam suas férias aos sábados, após o último dia de trabalho na boa e velha sexta-feira. Eu disse as pessoas normais, categoria que não se enquadram os arremedos de escritores. Alguns dessa espécie saem de férias na terça-feira, em pleno mês de agosto, sem dinheiro, sem lenço, mais cheios de documentos debaixo do braço. Enfim!

Só que esses lunáticos têm um prazer especial. Qual seja o de em plena madrugada de uma quarta-feira, não feriado nem ponto facultativo, poder se dedicar ao ócio destrutivo de escrever um amontoado de baboseiras, sem qualquer culpa nem remorso no dia seguinte. Muito menos sono e olheiras! Boas férias...